Querida Karen,


     Esta noite lembrei de nosso mês. Tenho me sentido assim ultimamente, nostálgico, saudoso. E essas memórias que juntos fizemos tem voltado como se tivéssemos as dado à luz ontem. Talvez não tão cedo deixarei de sonhar contigo. Sim, também aconteceu. Na verdade, a primeira vez foi na madrugada de ontem. E nessa noite você nem me esperou dormir. De qualquer forma, o problema é o quão vívido foi. Eu carreguei esses teus olhos claros marejados, e quando acordei foi como ter me afogado em teu oceano. Não é um problema, de fato. Não foi. Não será. Mas admito que seria melhor ter recobrado a consciência em teus braços. Tua voz eu não fantasio, porque a conheço. Eu a reproduzo, ao invés. Algumas palavras me causam medo, outras me deixam em êxtase para te ter, do jeito que tivemos um ao outro no mês que nos apropriamos. E que seja em fevereiro, em março e em abril, e nos outros nove meses restantes. O maior incomodo disso tudo, dessas saudades, é a distância que a vida em seu melhor lapso de humor negro teve que nos impor. Teus lábios, que me fizeram tão bem, poderiam agora me levar a ti igual a progressão de uma comédia romântica ao fim. Já tentou me chamar? Grite meu nome, seja para um céu claro, ou em seu travesseiro quando não consegue dormir. Vamos testar isso.
     Sabe, ao fim, o tempo é bom. Sim, ele não é nosso inimigo. Longe disso. Pode ser que ele se disfarce como vilão porque temos que culpar alguma coisa, quando na realidade nos ensina a descermos de nossos tronos e a percebermos a verdadeira razão de toda e sua espera. Ele nos ajuda a caminharmos nessas ruas íngremes. Portanto não se desespere, eu ainda estou aqui, e estarei aí feito essa carta que termina a ler. E faça o que tiver de fazer. Aproveite teus momentos sem piscar teus olhos. O caminho de nosso lar nós nunca esquecemos.

Com saudades.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 09/11/2017
Reeditado em 27/12/2017
Código do texto: T6166943
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