EIS-ME AQUI, QUERIDA...

Eis-me aqui, querida, neste santo dia seu, o dia de finados, resolvi pois lhe visitar, lhe trouxe umas flores, das mesmas que cultivavas no nosso jardim, acendi umas velas à você, e orei por sua memória póstuma...

Hoje faço deste dia o dia que muito me faz lembrar de você, do seu sorriso, de quando alegre eras, do seu choro, de quando triste se sentias, e, de tudo o que vivemos juntos, se faltei com alguma coisa contigo, peço, me perdoas, sei que deveria ter falado o que não lhe falei enquanto juntos estávamos, deveria ter lhe escutado enquanto à mim falavas, de suas náuseas, de seus vômitos, de suas crises nervosas, algo isso que eu não suportava, agora, aqui, neste momento, tudo me vem à tona de, o quanto lhe fui mesquinho, muitas coisas do perfil de seu jeito de ser eu detestava, e o que me adiantou, agora estou aqui, me remoendo de desgosto e de remorso, fatos de que não se apagarão nunca do meu viver solitário que estou tendo...

Me demorou para descobrir que você era a pessoa certa para me fazer feliz, mas não soube retribuir com os seus préstimos de amor à mim dedicados, e agora, aqui, diante à sua lápide, eis-me aqui, todo arrependido de não ter correspondido com o seu amor que meu somente me era para ser, ah, sim, foi meu, tenho certeza disso, mas para você foi de como se não me destes...

Descanses em paz no aconchego de Deus e dos seus anjos, sei que contribuístes em vida para que obtenhas esse privilégio eterno, agora me despeço, até mais nos vermos, pois aguardo a minha ida até ao encontro contigo...

COM SAUDADES,

DO SEU AMADO...

Josea de Paula
Enviado por Josea de Paula em 02/11/2017
Código do texto: T6160171
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