Maximilian...
Olá, estranho.
Bem vindo à história nenhuma.
Se você veio de longe, navegando entre cliques ágeis, lentos, monótonos ou excitados, veio parar nessa aglomeração de palavras na expectativa de descobrir uma lareira para sua mente niilista… saia daqui. Vá até o Google pesquisar sobre acasalamento de anfíbios. Não há nada, me deixa, me deixa.
Sequer há um estranho. Isso é para mim. Mas veja… por que mesmo assim ainda escrevo corretamente? Venham até mim, erros gramaticais… ou será que desejá-los é minha forma de submissão à tendências? Isso é o que acontece quando as drogas se viciam em você.
Queria um poodle azul. Azul com bolinhas amarelas. Iríamos passear com a coleira de seda. De manhã bem cedinho, antes da padaria abrir, antes do jornaleiro. Ele seria um docinho belga recém feito, com um cheirinho de tranquilidade inconfundível. Correndo na calçada das casas, sobre um tapete de papéis de bala, folhas secas, manchas de côco de passarinho, alívio cômico ou tensão maciça na atmosfera por trás do número das residências. Eu e meu poodle azul. Azul com bolinhas amarelas. Lá longe, de boa. Ah cara… a pareidolia é uma divindade tão generosa!
Ainda estou aqui? Estou aqui. Graças aos meus equívocos. "Foda-se", respeitosamente. Você amadurece enxergando o dinheiro como um terrorista contrário ao colapso da humanidade. O lance da vida é fazer com que você seja útil.
Cheguei...
É feio aqui em cima. O horizonte não projeta uma luz branca que reflete na água como néon, nem o céu é tão azul quanto em meus desenhos do jardim de infância. Lá embaixo - mesmo que exista um poodle azul com bolinhas amarelas em algum canto - é feio. Não é tão verde aqui em cima. Passei por carcaças de sofá, camisinhas e latinhas, linhas de pipa e pipas rasgadas presas nas árvores, uma samba-canção vermelha com patinhos brancos estampados bastante surrada. Foda-se, não importa. Não, não mais. Sem drama.
Leonard Cohen, por favor.
Abra as nuvens e estenda as mãos. Anjos e demônios esperam por mim, convide-os numa canção. Grave, agudo, sussurrante e choroso. Antes da terra úmida violentar meu corpo para sempre.
Adeus, Maximilian.
Ah, sobre a submissão...
Desejo que chorem por mim.
Ass: Maximilian