Se tiver difícil, ponto de equilíbrio
Vai chegar um dia em que cada pedaço seu vai ser esmagado por toneladas de palavras entulhadas, e todos os espaços do seu corpo vão doer, algumas vão ficar marcadas em tons de roxo, já outras vão ser suas companheiras para o resto da vida.
Nesses dais você vai querer desistir de tudo, porque a dor vai ser tão aguda, que você vai se esquecer de como é viver sem ela. Mas vai passar.
Sim, eu sei que na prática é um pouco mais complicado e insuportável. Digo isso porque é mais fácil ter uma recordação dolorosa, que sentir ela em pele quente.
Você vai gastar toda sua energia tentando desvencilhar de todo o peso, e pode se machucar ainda mais. Portanto, ou você coleciona mais cicatrizes ou se condiciona a viver deitado com uma leve dificuldade em respirar. É como a escolha de Sofia.
Após alguns dias, independente da sua escolha, seu corpo vai ficar exausto e você vai sentir seu coração a ponto de explodir. Em dado momento, vai se esquecer de respirar, mas vai recuperar o fôlego no instante seguinte.
Sugiro que feche os olhos e repasse diante deles tudo o que te manteve de pé ate agora.
Qualquer palavra afetuosa que você carinhosamente guardou em um espaço do seu coração e tirou durante noites frias para se aquecer. Cada olhar acompanhado de um beijinho molhado recebido pelo ser que você viu nascer e se apaixonou antes disso. Se lembre do dia em que você terminou aquela tão temida apresentação e com frio na barriga recebeu a notícia que tinha dado tudo certo. Foram dias difíceis, lembra?
Agarre-se a cada falta que você faz e a vida que você leva quando a falta é suprida por presença.
Aposto que quando abrir os olhos, eles estarão marejados, porque você acabou de fazer uma bebida de dor e amor.
Beba e veja que, como o popaye, você também tem sua fonte inesgotável de força.