Querida eu,

Se você fica nessa coisa aí de se amar às vezes e se odiar quase sempre,

nada vai dar muito certo.

A gente sabe que as pessoas saudáveis uma hora ou outra acabam percebendo que imbecilidade gigantesca é essa de ser um inimigo de si mesmo, geralmente perto dos 30...Elas largam mãos e tacam o foda-se - contradizendo qualquer psicanalista, é a melhor coisa a se fazer.

Já que já vai acontecer, não dá pra gente adiantar essa felicidade, não? Não tem um jeito de ser feliz por antecipação?

Se tem um pensamento gostosinho de receber, assim como um cafuné perto da nuca, é que eu sou todo mundo. Não que eu seja, literalmente, meio sense8, mas tem algo meu em todo mundo e em mim tem algo de todo mundo. Não é bonito?

E é óbvio que eu desejo pra toda criatura que ela se ame. Que ela se olhe no espelho e fique mais deslumbrava que uma noivinha estúpida e virgem no dia do casamento. NÃO DÁ PRA FAZER ISSO, NÃO?

e se a gente deseja isso pra todo mundo, não podemos desejar pra nós mesmas, caralho?

Deseje pra você o que você deseja pros outros e faça um favor enorme pro seu ego aqui que está morto há algum tempo e às vezes infla um pouquinho nas camas alheias. Não dá pra senhora ser espectadora de si mesma e se amar na sua própria cama?

Acreditar nessa conexão entre todo mundo e você, que na verdade devem estar sempre juntos e nos chamarmos de nós, é uma mistura deliciosa de relação proporcional - quando mais se ama, mais ama os outros, e vice-versa. Pode ser uma bobagem de ficção científica e deixar alguns cristãos bravos, mas se funciona, vamos usar. ( O que não deixa alguns cristãos bravos, afinal?)

Bora se amar. Nada de errado em ser uma noivinha virgem e estúpida às vezes.

(escrevi isso bêbada e não me responsabilizo pelos palavrões usados. obrigada.)