A Luiz, meu pai... - (Algo semelhante a uma carta)


 
        Se existe eternidade, em algum espaço dela estás. Se não existe, logo tu tampouco, esta palavra minha cai no Nada.
        Peço-te a bênção, se em algum espaço de eternidade que exista, estás. Pedir a bênção a um ateu... coisa do arco da velha, como diriam os muitíssimo antigos. Ora, se ainda és, se ainda estás, ateu já não és. Se não és nem estás mais, eis-me a dizer sandices... coisa nem um pouco rara da minha boca há demasiado tempo.
       Luiz, meu pai... Ateu ou não, existindo em alguma eternidade, ou não, és sempre meu pai bem-amado. Tu sabes o que tem sido e continua sendo minha 'vida', há tempos desmesurados e por todas as razões possíveis e 'impossíveis' - Se ainda existes em algum espaço, tu sabes. Pressupondo que existas ainda, peço-te a bênção. E, se não for pedir-te, também, algo além de toda conta, (não sendo mais ateu isso faz-se plausível) Amado, peço-te uma prece ao Deus. Uma prece por mim, por minha vida, por algum qualquer outro rumo para ela, ao lado deste rumo que não posso abandonar, claro...  Oh, meu bem, meu pai. E prosseguir não devo, para não des-alentar demasiado um(a) e mais de um(a) amigo(a) querido(a).
Beijo.