Saudades amor, saudades

Eu não sei falar de amor. Não sei descrever sensações extraordinárias que às vezes soam irreais pra mim. Não sei senti-lo nem entender o que é. Não sei escrever sobre. Amor parece uma incógnita, um vazio imensurável dentro de mim, parece um relento vazio, um adorno. Parece desassociado comigo, alheio, outro. Estranho. Desconhecido. Não sei se o sinto, se o tenho. Talvez eu peque na falta de desempenho. Sou viúvo dele. Rezo ao relento de encontra-lo, senti-lo, saiu pra fumar corações e nunca mais voltou. Sufoco-me com suas ausências e promessas ocas que fez antes de partir. Ecos sensoriais. Vazios existências. Vivo de luto, à espera de voltar o que nem sei se existiu. Sua falta me exonerou, me infectou, agora não sinto as batidas no peito, as borboletas no estômago. E hoje escrevendo isso percebo que morro de ausências suas. Carências. Insuficiências. Escasso, me sinto árido, vida em pó, vontade de viver que dá dó, sentimento destrutivo de se sentir só. Privação, um espaço vazio que desexiste, só não há, e dói saber porquê, que não sabe se ele esteve aqui alguma vez, se o que sentiu foi ele... E não outro sonho febril. Isso sou eu hoje. Hoje me pego pensando no amor e vejo que havia tempo que não pensava nele, será que ele pensa em mim? Pensa se acordei bem? Dormi bem? Se estou bem? É horrível essa sensação. Ele desapareceu, não vi o corpo, não sei se está vivo ou morto. Seu nome agora é dúvida, seu corpo, véu, sua mente, vazia e seu túmulo é "quem? Quando morreu? Viveu mesmo?", o sentimento famoso de: não sei. É uma sensação inócua, displicente que cresce feito vírus em cada parte de mim, e em minha mente enfadonha e torpe tento alcançar memórias de quando ele estava aqui, existia aqui. Sinto saudade.

G S
Enviado por G S em 11/09/2017
Código do texto: T6111133
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.