Nega

Onde é que está? Aquela morena tímida onde foi parar?

Não tem como pensar em você e não fazer perguntas, e eu me pergunto quanto tempo ainda eu tenho pra te ver. Vou criar a máquina do tempo, pra voltar nele e te ver magnífica todos os domingos a noite, ou melhor, como eu quero concordar com o Nietzsche e te encontrar em todos os detalhes do meu eterno retorno, e ao te ver poder me tornar um übermensch. Desvendar se preciso for todos os idiomas e dialetos, dizer que te amo com vários gestos.

Olhe agora em algum lugar que mostre o seu reflexo, e me diga que sorriu. Diz logo que sorriu, porque é só assim que abandono a extrema racionalidade que me assola, pois, seu sorriso é um dos poucos lugares que aflora minha subjetividade e com ele prefiro sentir mais do que saber, se for preciso nega, faça como Jorge Aragão diz em sua música "minta pra mim, pra que eu viva meu sonho feliz assim". Hoje, mais do que nunca, falar de você é também falar de mim. Com a última citação, lembro-me de um poema do Pablo Neruda, "quero saber se você vem comigo, a não andar e não falar, quero saber se ao fim alcançaremos a incomunicação [...] pago eu aqui por teu silêncio. De acordo, eu te dou o meu, e te dou o meu com uma condição: não nos compreendermos".

Nega, permita-me te olhar em silêncio, e enxergar-te lhe amando, porque o idioma português não foi suficiente para descrever o que o meu olhar diz.