Ouça
Não sei te dizer coisas belas, pois meu interior não e belo, é o que é, definições são inúteis, pois isso vou apenas lhe dizer coisas disformes e desconexas, que terás que montar ao longo de sua vida, ouça.
Nunca haverá apenas uma resposta, por isso não te apegues em unilateralismos, e desconfie de tuto que a ti proclamarem como sendo a única saída ou verdade. É possível a dualidade, a trialidade, dentre outras, em tudo que é matéria (amor, religião, trabalho, etc), inclusive na interpretação desta palavras que ora redijo.
Apegue-se nas possibilidades infinitas, na diversidade multifacetada, nas múltiplas saídas que um mesmo labirinto possui. Não é porque não as visualiza que elas não existem. Sempre haverá outras possibilidades, e a que mais valerá a pena será a que teu coração eleger ou conceber, e não aquela que te quiserem ofertar como sendo a melhor. Permita-se permitir outro olhar em tudo, pois se tiver a capacidade de enxergar as múltiplas realidades de um mesmo fato ou questão, nunca será infeliz, pois a infelicidade é apenas uma moldura, existem, como te disse, milhares de milhares, por isso não aceite aquela que faz pesar teu coração.
Se teu ponto de vista a respeito de qualquer coisa te prejudica abandona-o; concebe de tua alma outra ótica, outro modo de encarar o dilema, pois não estás obrigada a conviver toda a eternidade com um ponto de vista que não te agrega, mas apenas te prejudica. Nada é fixo, estático, imóvel, ainda menos os conceitos; os conceitos não são verdades, são apenas linguagem; linguagem de algum desconhecido, e eu não acho que valha a pena referenciar sua vida em conceitos de desconhecidos, pois teu coração pode mais, acredite.
A saída para tudo sempre estará impressa em tua alma, no teu íntimo, no fundo sem fundo de ti, que é teu abstrato. A realidade, sobre qualquer coisa, é aquilo que escolher e decidir aceitar como real, afinal, em última instância, tudo dependerá da tua decisão. Faça boas escolhas, e se um dia deixarem de serem boas, refaças, refaças, e faça tudo de novo, saiba se transformar para que tudo seja transformado.
Carta a Jade Luiza Santos de Oliveira, minha filha.
Em 07/10/2016