O medo
Medo do amanhã
Medo
Medo de que as coisas saiam do controle
Que descubram que não sou capaz das coisas que devia ser
Que não sou capaz de cumprir o que precisaria oferecer
Medo
De dar maior visibilidade a minha incapacidade
De me perder entre a angustia e a vontade
De nunca conseguir segurar a barra
Seguir em frente
Medo da solidão
De ter certeza que ninguém se importa
Porque isso é sempre muito muito claro
No fim das contas, ninguém se importa
Talvez nem mesmo eu
Medo do egoísmo, da arrogância
De não perceber os próprios erros
E cair por incapacidade própria
Visível e descarada dentro de mim
Medo de nunca ouvirem meus pedidos de socorro
Socorro socorro
Socorro
Eu preciso mudar isso de alguma forma
Eu preciso fazer alguma coisa
Mas o quê? Com quem? Como porquê?
Socorro por favor
Eu realmente não sei lidar com isso
Essa angústia, esse desespero, essa solidão
Eu olho prós lados e vejo tudo indo bem
Mas não está não está nada nada bem
E eu não sei o que fazer, eu não sei como fazer
Eu não sei como conseguir
E eu não sei mais nem como pedir ajuda
Porque no final ninguém ajuda
Ninguém acode, ninguém acolhe
Ninguém se importa
Nada importa
E em meio a tantas desimportâncias eu não consigo me importar também
E Caio apago, nesse poço horrendo de egoísmo
Onde todos nos afogados
Incapazes de fazer alguém sair
Senhor,
Ajuda.