Carta para Rose Stteffen
Também não sou de diários. Sou de anotações. Porque a memória exige que eu anote apesar de me dar um trabalho enorme descobrir onde foi que anotei.
Tudo é muito relativo. Sou ótima para guardar fisionomias. Daí, mesmo que eu não conheça a pessoa, cada vez que a ver, vou cumprimentá-la. Nomes? Desisti há muito tempo de tentar gravar. E pergunto. Não tenho acanhamento em perguntar. Penso que muitas pessoas não aprovam isto.
Admiro você que é esperta mentalmente. Não sou esse exagero. Sou a mil por hora, mas lenta nas atitudes. É que costumo resolver tudo o que programei apenas no pensamento. Enquanto as mãos executam trabalhos banais, os olhos já ultrapassaram o infinito e a mente já percorreu quilômetros de labirintos. Essa sou eu.
Sabe, por vontade própria, parei de vasculhar minha alma. Não quero mais questionar se o sabor tem o mesmo paladar do cheiro. Ou se o sal é das palavras ou se o açúcar é imaginação. Fico na esteira do limite entre razão e emoção. Talvez isto me acalme, mas também não é regra... Algumas vezes explodo o tempo até vê-lo se tornar um mosaico abstrato. É lindo!
Vou borrifar minha casa com Dior. E a vizinhança. E a cidade. E o mundo. Perfume é sempre mais gratificante que fumaça.
PS: Não marque o tempo. Marque a amizade. Ela é segura e fiel.
Resposta ao texto da escritora Rose Stteffen
- Uma brisa de Dior para Dõra Leal