Cartas ao remetente: Do meu ser
Hoje acordei com desejo de dizer o dia dos dias que se passam, no meu de tantas diversidades subjugadas acredito eu ser a espécie mais cobiçada do meu interior, contudo abdiquei de minhas palavras já estreitas e cansadas para ter aquilo que me era desejado. Entreguei-me de corpo e alma, de pensamentos e diretrizes, de erros e conclusões.
Peguei-me a observar agora, nesses exato momento, o cantarolar obsceno da morena ao lado, o exaltar obscuro da construção ao lado, do esvairado e momentâneo latido que passara por minha porta - deixe-me dormir - pensava eu atirado as perversidades do mundo exterior. Coloquei a colheita de meus pensamentos agora não tão complexos a entonação de uma voz já não tão afinada, pedi que o desejo interligado as dimensões temperamentais de meus acordes a reflexão do dia que me passa, mais uma vez passa, e nada de ter o que necessito.
Quero no mais tardar da noite entrelaçar-me com os sonhos e deles me fazer prisioneiro, abdicar de tudo aquilo que sustenta a dor de uma solidão pesada, aerodinâmica, matematicamente correta. E quando isso acontecer, mergulharei nas entrelinhas do destino e do destino fazei-me por companhia.