Mais uma carta.

Como já é de praxe mais uma vez desilusão, as flores rasas do caminho murcharam, secas neste lago raso mas profundo de necessidades fartas.

Mais um passo para dois passos para trás, será que nunca será suficiente?

Será que nunca se aprenderá uma lição, será que nunca se tomará um rumo diferente?

Qual o melhor caminho para o fundo do poço? Ultimamente o procuro mas não acho nada, o afogamento está sempre no lado raso, e mesmo que pareça isso não é bom, não é saudável o nem sufocar nem respirar, ninguém vive de metade, ninguém vive de fraqueza, por favor por favor, já chega.

No final é tudo um dramalhão de alguém que tem uma vida que muitos queriam ter, cheia de benefícios e possibilidades que permitem que haja espaço para tais sentimentos vagos, pessoas vagas, problemas vagos. Mas se é tudo tão vago porque tanto vazio? Do que vale a vida se por dentro está tudo vazio?

Me entristece o caminhar, eu só quero seguir em frente, mas não em frente como agora, para baixo, até o fim, para poder subir, ou por qualquer outro caminho, que não seja apenas um caminho qualquer.

É tudo balela de quem não tem o que fazer, paciência. Incomoda do mesmo jeito, o sentimento de ter tudo mas não ter nada vigora sempre e sempre, a vontade de se tornar melhor ficou fazia, a vontade de qualquer coisa continuou vazia.

Por favor por favor, alguém me leva ao fundo do poço para que eu possa assim sair de lá?

Meu coração está machucado ferido rasamente bem ao fundo, numa fissura que sangra e sangra para secar, mas não seca. Há sempre um fundo de esperança? Esperança de que? Para que?

Nada vale a pena, ninguém vale a pena, triste e triste, já chega. Chega de tentar, chega de insistir, chega de acreditar, chega, chega de qualquer coisa. Eu só quero me deitar em qualquer lugar e simplesmente desaparecer.

Talvez assim desapareça esse tão grande vazio que vive a me consumir e perturbar, e tirar de mim qualquer coisa que realmente me faça me sentir humano de alguma forma.

Eu to cansado, só cansado, não quero mais, não vale mais, não acredito mais. Mas não consigo parar, de tentar e tentar e tentar.

Alguém me ajuda a desistir.

Ib Souza
Enviado por Ib Souza em 06/04/2017
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