Qual é o sabor da liberdade? - Carta 4
O portão é mais pesado do que imaginei: mesmo que eu encontre as chaves, não sei se conseguirei abri-lo sozinho. Não sei como fazer. Há um abismo entre mim e a felicidade, entre onde estou e onde deveria estar, entre meus sonhos, meus sentimentos e a realidade. Na verdade, nem sei mais quem eu sou. Será que perdi tempo demais preso aqui?
Estou preso e parece não ter saída. Esperei, procurei, implorei: em vão. Ainda sigo no mesmo lugar, preso, imóvel. Talvez esteja preso neste castelo há tanto tempo que a claridade poderia cegar-me ao sair. Sou toda esta prisão e talvez não haja mesmo uma saída.
E qual é o sabor da liberdade? Ficar preso em si mesmo talvez seja a pior prisão: tudo acontece ao seu redor e nada é aproveitado, nada é tocado, nada tem sua alma. Quem somos nós aqui? Estou perdido no meu próprio abismo, não entendo meu coração, minha respiração, não entendo quem sou ou aonde posso chegar. As grades são fortes demais. Montei uma fortaleza, mas esqueci de deixar uma janela para que entrasse luz, para que eu pudesse sair e respirar ar puro. Estou sufocando neste castelo e ainda não sei qual é o sabor da liberdade.