Carta em resposta à Esperança

Vitória, 21 de Janeiro de 1999.

Maryditte,

Imagino que não deve estar acreditando que recebeu esta carta, contudo, peço-lhe desculpas, pois, apesar de ter recebido finalmente respostas depois de três anos, não é da pessoa que você esperava responder. Sou um vizinho da pessoa ao qual você mandava as cartas todo ano. Henrry era um homem muito bacana, nós éramos bons amigos, não havia quem não gostasse dele. Ele vivia sozinho, além da empregada que arranjaram para ele, mas recebia visita algumas vezes de alguém que acho que seria a irmã dele. Não sei como dizer Maryditte... Sinto muito, mas o Henrry faleceu há quase um ano e meio. Quando Henrry se mudou para cá, há exatamente três anos, não ficava muito tempo em casa, pois vivia indo ao médico, até que chegou uma semana em que ele nunca mais voltou e só voltou quando foi para se despedir em casa. Convivendo com ele soube que se mudou para fazer um tratamento de câncer e acredite, ele tinha esperança viva nos olhos, dizia que logo voltaria para a cidade onde estava, pois precisava passar o resto dos anos ao lado do grande amor dele. Creio eu agora, que esta deveria ser você. Ele nunca recebeu suas cartas, disto posso ter certeza, porque de todas as vezes que eu o visitei, ele nunca mencionou você. Provavelmente a empregada, por ordem da família, e até eles mesmos, escondiam as cartas, só não entendo o por quê. Talvez pelo pai não aprovar a relação de vocês como você disse em uma das cartas que acabei de ler. Podia ao menos ter te avisado da situação, como podem permitir teu sofrimento e esperança por todo esse tempo, mesmo depois de sua morte. Você deve se estar perguntando como então tive acesso às suas cartas...Uns meses após o falecimento de Henrry, a casa não foi vendida nem alugada, simplesmente a família abandonara; e percebi que o correio mesmo assim ainda entregava cartas lá, já que da minha janela eu via a casa dele, ou via a caixa cheia. Um dia a irmã dele passou por lá, pegou as cartas e estava entrando na casa, quando decidi ir perguntar por que o correio ainda passava por lá, e ela tristemente disse que você sempre mandou cartas ao Henrry, mas que os pais proibiram ele de saber, pois seria pior para ele. Pensaram que logo você cansaria, mas ela percebeu que não, quando mais um ano você enviou. Então a questionei porque então, pelo menos agora que ele se foi, não respondem para libertarem você dessa esperança. Ela juntou todas as cartas que estavam em uma gaveta com chave, e me entregou. Disse que eu poderia fazer isso já que conhecia Henrry bem o suficiente. E foi embora.

Mais uma vez, peço desculpas por ter que te dizer isto, depois de todo este tempo. Se eu soubesse, teria dado um jeito de aliviar teu sofrimento bem antes. Ele com certeza te amava Maryditte, pois a maior força dele passar pelo o que passou, era poder voltar para os teus braços. Sei que não era desta forma que esperava se libertar de tudo e poder seguir tua vida, mas agora pelo menos você sabe que ele não te deixou por não te amar, provavelmente foi embora do jeito que foi por não querer te fazer sofrer vendo ele passar por tudo, pelo menos agora sabe que o que ele mais queria era voltar. Ele foi feliz por saber que tinha você. Você não teve culpa. Desculpe. O amor de vocês sempre viverá.

Adeus,

Tobby

LolaLua
Enviado por LolaLua em 05/04/2017
Código do texto: T5962327
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