Venha Helena!

VENHA HELENA!

Helena, se puxares a curiosidade de seu pai pelas questões familiares, com certeza nos perguntará um dia, como foi sua chegada em nossas vidas. Em resumo foi assim.

Querendo dar-me a boa notícia de sua concepção constatada pelo exame de gravidez, sua mãe rodou a cidade numa tarde do fim do inverno de 2016, a procura de sapatinhos de bebê. E não tendo-os encontrado, deu-me a notícia sem eles mesmo. Eu acabava de tomar meu café após chegar do trabalho quando sua mãe com uma cara de quem tem notícia boa sentenciou: “_Dindin!, acho que estou grávida! Acho não, tenho certeza.”

A notícia veio como uma flecha que disparou em mim uma emoção que me fez perder as palavras. Não consegui dizer nada, apenas chorei e chorei muito. Uma serie de flashes invadiu minha mente. Lembrei de várias coisas ao mesmo tempo. Hoje, nove meses depois, não me recordo tão bem o que era, mas o que ficou foi: “uma criança chegará para aumentar a alegria, para dar continuidade, para permitir-nos ser pai e mãe”.

Lembrei-me de minha família, meu pai (falecido em 2002) minha mãe, meus irmãos, meus avós. Lembrei de vários devaneios que já tive nesta vida, quando vagava pelos pensamentos de ter filhos. Uma forte lembrança que me veio à mente foi dos tempos em que estava no seminário, quando estudava antropologia filosófica. Naquela ocasião invadiu-me a alma uma imensa vontade de ser pai.

Pensei também na possibilidade de passear, nadar, andar de bicicleta, contar histórias e uma série de coisas que se pode fazer na companhia de um filho. E hoje a menos de 48 horas do seu nascimento, já te vejo correndo pela casa, me chamando de papai, me abraçando. Sentada entre eu e a sua mãe no sofá. Já sinto seu calor debruçada sobre meus ombros carregando-a para cama, ou para casa após algum passeio.

Acompanhei a gestação com muita alergia no coração. Sem ansiedade, mas com muita alegria. O tempo passou como deve passar, minuto a minuto, dia a dia, semana a semana. E hoje 39 semanas depois de sua concepção Helena, você está madura para nascer, e nascerá nesta terça feira dia 04 de abril de 2017.

Helena minha filha, quantos me perguntam se ando ansioso, quantos nos alertam, eu e a sua mãe, de como será nossa vida após seu nascimento. Não será como antes, disso tenho a certeza sem ainda conhecer. Mas tenho ignorado as conversas que dizem que será trabalhoso, que será difícil, que não haverão mais noites de sono tranquilo, e tantas outras preocupações temporais. Tenho ignorado, não no sentido de me iludir, mas de me permitir viver tudo isso no seu tempo, assumindo as responsabilidades, deveres e labutas próprias da condição de ser pai. Trabalhoso como tudo que vale a pena será a minha vida e de sua mãe com sua chegada, mas é algo tão desejado que será leve o fardo se fardo pode ser o nome de tão nobre missão.

Quero assumir as reponsabilidades com muito amor, um amor que faz, um amor de ação que complementará o amor de sentimento que já tenho por ti mesmo antes de existires no ventre de sua mãe.

Venha Helena!, contribuir com sua existência, para a construção que faço de mim mesmo a cada dia buscando ser um homem melhor. Venha Helena!, venha filha do Gleisson e da Juliana, neta do Doca, da Aparecida, do Noia e da Fia. Venha Helena!, ser nossa filha, nosso rebento de oliveira. Venha ser nossa bebê, nossa menina, nossa mocinha, nossa filha mulher. Venha Helena!, venha ser simplesmente, venha ser tudo que podes ser e sendo, permitir que possamos com sua presença sermos pai e mãe, homem e mulher que perpetuam a família, a linhagem, o amor.

Domingo, 02/04/2017 – 20:40 HS

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 02/04/2017
Código do texto: T5959544
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