Senhor Luiz Inácio da Silva
Saiba que o seu maior inimigo não é a oposição, não é o povo, nem o juiz Sérgio Moro. Seu maior inimigo é o Lula. Este personagem que o senhor criou desde o tempo de sindicalista, para ocupar o lugar daquele que o senhor sempre rejeitou ser. Seu grande mérito é ter sido um grande ator e vai ser lembrado como tal. Pena que o senhor deixou que seu personagem se incorporasse em sua mente durante todo o desenrolar da história. E, como em toda história em que o protagonista é um ambicioso, muitos episódios relacionados ao mundo da ambição vão surgindo neste desenrolar. Sendo que o pior deles é o mundo do poder político, porque este fatalmente leva ao mundo do poder econômico, enredando o personagem quase sempre a tramas delituosas. E neste caso com um final trágico. Se o senhor tivesse tirado a falsa indumentária a tempo de salvar o que ainda restasse de bom, e que acredito ainda existir no seu verdadeiro eu, talvez a sua vida real estivesse diferente. Porque não se pode permanecer no palco o tempo todo, pois a plateia vai ficando escassa, por melhor que seja o ator. Hoje, a platéia que ocupava seu espaço teatral, senhor Luiz, mudou de interesse. Até mesmo grande parte do elenco que o acompanhava evadiu-se, e seu monólogo está repetitivo, rouco e cansativo. Infelizmente sua fantasia terá que ser trocada, e espero que ainda haja tempo para o senhor resgatar o pouco de si, que ficou esquecido num canto qualquer das coxias do seu teatro antes do início da encenação. Depois que a cortina se fechar.