A última carta.

Meu último ato.

Minha cena, sofrida, de desmanche.

Embora não saiba, no final, o que acaba.

Não sei, no fim, quem perece.

E quem poderia saber?

Minha estrela perdida,

minha semana arruinada,

meu preço vendido.

Todas as minhas notas estão mortas.

E ao procurar pelos novos estranhos,

eu entendo,

nunca será como foi para mim.

Nunca haverá ninguém por quem voltar, no fim.

O fim só acaba quando decido que sim.

Sim!

Sim!

Sim!

SIM!

Não disse.

Até calei.

Explica para mim,

na sua cabeça, como volto atrás e mudo tudo o que fizemos?

Como planejo novas memórias?

Onde crio novas expectativas,

de verdade,

no fim,

onde encontro as fotografias perdidas?

E todas as cartas que escrevemos, trocamos, inventamos...?

Onde encontro meu bom senso de novo?

Onde foi parar meu alimento de cada dia?

Cadê as boas novas que não chegaram?

E após os mil dias distantes,

cadê as boas novas que não chegaram?

Existem ainda mil luas para trás.

Existem novos começos, e percebo ao longe.

Mas como encontro sua voz?

Onde encontro a luta que quis?

Com quem eu me junto para estar?

E ao lado, quem respira por mim quando sem você?

Quem sou eu quando sem você?

Quem sou eu quando sem você?

Quem sou eu quando sem você?

Quem sou eu quando sem você?

Quem sou eu quando sem você?

Sei tanto que finjo que não.

E as promessas quebradas atiram suas próprias pedras.

Eu me incomodo com todas as coisas que sei,

e juro que sei,

mas nada,

exatamente, nada sobre você.

Ignora todo o tempo ausente,

mil ou mais,

dias, meses, anos...

Eu gritava absurdos só meus,

mas o medo silenciava e você não ouvia.

Não há nada para se preocupar.

Eu carrego você.

Continuo sendo forte,

só carrego você.

... e todo o peso que carregamos, ainda está aqui.

E deita na cama fria,

e pertence a nós.

E tudo que precisamos é... sim!

Continuo carregando você!