Carta à Artur da Távola
Terminei teu livro ontem. Sempre que eu lia, eu me abalava. Me ajudou muito quando precisei. Me fez refletir do jeito que eu entendi do que talvez tu tenha pensado antes de escrever. E antes viveu, insuspeito como eu, das coisas que iria aprender.
Não sei se tu viveu o mesmo que eu. Tenho quase certeza que não. Talvez eu saiba mesmo que ninguém é igual à outra pessoa qualquer. Nós somos todos inigualáveis, por mais que tentamos ser iguais à isso ou aquilo ou aquela pessoa. Por isso somos também dolorosamente insubstituíveis. Não posso substituir alguém por outro alguém, nem o que sinto por outro sentimento qualquer.
O que sinto é meu e, queira ou não, vai ser eu.
Não há outro escritor como você, e não há outro leitor como eu, disso eu sei e isso eu sou. Logo não vou ser mais, fui e já não fui mais.