De Chechel para Mimi

De Chechel para Mimi

Querida, darling, chérie, carina, habibie,

Não tenho palavras, e tampouco mesóclises para agradecer-te pela compreensão e o carinho. A título de esclarecimento, assinalo-te que nosso retorno ao Jaburu é fruto de uma longa e generosa reflexão:

além de temermos ilações infundadas de ostentação, demos-nos conta, Chela e eu, de que se o futuro adeus pertences, o Alvorada foi feito para ti, tu que lidas melhor com as exposições ao público e a imprensa. Somos, como bem sabes, mais intimistas e, não foi sem razão que nomeei meu opúsculo magno, Anônima Intimidade.

Das alterações que promovemos naquele santuário - aliás nada suntuário - do poder, posso remover todas, se for de teu agrado. Apenas a grade protetora é que me deixa dúvidas se não seria prematura a sua remoção. Donald Trump pode querer visitar-nos, entretempo, e o petiz Barron, que sempre acompanha os pais, estaria assim melhor protegido, quando hospedado por ti. O preço da liberdade - vocês mineiros são caros a esse conceito - é a eterna vigilância.

Estou ainda considerando potenciais candidatos à vaga no Itamaraty, aberta com a saída plenamente justificada do amigo Serra. As composições políticas para o avanço das necessárias e impostergáveis reformas, reclamam muito um homo politicus no cargo. Daí, a natural resistência a se colocar lá um representante lídimo da carrière, como é o caso de bons nomes experientes já aventados para a posição.

Uma mulher será também saída honra e simpática ao eleitorado feminino, bem como as vivandeiras do feminismo no país. Daí para preencher o quesito formosura, que deve ser igual, penso eu, ou superior, ao talento e à experiência, candidaturas naturais abundam. Nesse particular, o estoicismo de Luma, que enfrenta momentos penosos, dá-lhe boa alavancagem. O que resta a temer, contudo, é que seu natural brilho, possa ofuscar o de seus pares quando de reuniões de colegiado.

A Paschoal, que sempre tenho em minhas preces, já nos demonstrou cabalmente sua capacidade de exterminar a serpente do mal, e ainda exibir o instrumento de sua façanha. Mas, honestamente, tirá-la do sadio ambiente acadêmico, em que se exulta e exalta, para uma exposição ao ambiente tóxico e butantânico da capital federal, condói-me. Pode traumatizar sua crença no triunfo do bem sobre o mal a ponto de requerer uma exorcização forte e, como sabes, Frei Damião já não está mais entre nós. E o Magno é ainda pouco maduro para esse tipo de ação.

Sobre o Alvorada, ainda, deixei as chaves com o Indignácio. Ele conhece bem a casa e a causa. Deu-me a entender que limparia aquelas moedinhas que tanto desfiguram o fosso frontal do imóvel.

Nos falamos. Temos que celebrar essa vitória magna da Portela. Traz contigo o menino do Rio, que é vidrado por ela.

Kisses, bisous, besos e baci, de Chechel

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 02/03/2017
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