Ai Ai Ai meu papagaio!
Em 1918, no dia do nascimento de Cristo nasceu Pedro Adriano do Nascimento, homem que deu origem, ao lado de sua mulher, a uma família para o mundo.
Ele construiu uma família humilde, mas gente do bem que merece ser classificada como herói da terra, por ter extraído seus pequenos recursos do próprio suor derramado pela coragem e a fé.
Pedro nasceu para permanecer pisando firme na Terra. Ele viveu 70 anos dedicado ao lar e seu meio de subsistência; a plantação. Ele plantou, colheu com amor, e desse amor distribuiu felicidades.
Conquistou muitas cidades, seu gênero ficou conhecido pelas estradas da vida. Ele cresceu em sua popularidade, e no último lugar que vivia era conhecido como "véio rádio", porque nos dias em que bebia para afogar o vício da adolescência, começava a cantar; cantava inúmeras canções, canções estas sempre irônicas para despertar alegria em seus netos e amigos.
Véio rádio, você jamais irá sair da nossa memória, do nosso coração. Você foi nascimento para Angélica, e uma eterna melodia com mil significados, com frases definidas pelo tempo, uma escultura viva.
Quando eu nasci, você me criou, sendo para mim um pai e um avô; eu queria te agradecer pelas balas que você me deu, pelo caldo de cana que você pagou, pelo olhar severo, pelas pequenas correadas, por tudo que você contribuiu para eu crescer.
E agora, mesmo distante, depois de ter recebido a notícia do seu falecimento, eu queria te homenagear com um belo poema inspirado em Drummond e Vinícius, mas não consegui, porque sua vida não é apenas um poema lírico doce e meigo e, sim, uma narração que jamais terá fim, porém sua imagem será a nossa, todo o seu canto, a sua canção... Sua presença sempre estará fazendo parte da nossa vida entre o aqui e o agora.
Do seu neto e filho.
São Paulo 23/09/1988
Alagoas 16/09/1988
"Ai Ai Ai meu papagaio"