Nós estivemos aqui por um momento, mas fomos embora.

E de uma hora pra outra, acabou.

Repentinamente, nos tornamos mais um casal que deu as mãos por um momento e depois as soltou.

"Vocês eram tão lindas juntas”, eles diriam.

E realmente éramos. Éramos lindas uma para a outra. Éramos lindas para o mundo. O mundo era lindo para nós. Dois corações carregados de boas intenções e sentimentos puros que irradiavam graça. Mas aí, acabou. Do mesmo jeito que aquela tempestade forte vem em meio ao verão ensolarado, nós chovemos, e passamos. Deixamos o arco-íris após o temporal. Aquele arco-íris que representava todo o amor que tínhamos, e toda a cor que transmitiamos. Mas principalmente, o arco-íris representava nossa incógnita do fim. O famigerado e tão procurado fim do arco-íris. Nós nunca entendemos nosso fim, como ninguém nunca acharia o fim do arco-íris, pois ele não existe.

Talvez realmente não fomos tempestade, e sim, arco-íris. Talvez nunca tivemos um fim, apenas não soubemos lidar. Optei por acreditar no irreal. Nosso arco-íris tinha um pote de ouro no final. Este pote era feito de saudade e riso. Longe, nos alimentariamos de boas lembranças. É disso que a vida é feita. Tudo é momentâneo, até que torna-se algo que você guardará no “arquivo-morto” de seu coração, e te fará dar um sorriso amarelo numa segunda-feira aleatória, onde você lembrará daquela piada interna que nunca terá graça para mais ninguém. Amar é ser gente grande, ás vezes. É não fazer escândalo no mercado por aquela caixa de sucrilhos, ou no caso, por aquela pessoa que não queremos deixar ir. É claro que parte de mim queria bater na sua porta e gritar: “não vai, por favor”, mas atitudes são tomadas, e coisas acontecem por causa delas.

Éramos tão cheias de nós, que transbordamos. Transbordamos tanto que não coubemos em lugar algum.

Fiquemos, então, com o pote de ouro no fim de tudo. Eu a guardarei comigo, e espero que ela me guarde consigo.

Ela sempre será minha gargalhada alta, e seu braço a parte gelada de um travesseiro.

Tinhamos muito a viver. Mas, acabou.

Não leve-nos como desistentes, nós tentamos. Tentamos até nos tornarmos um punhado de rosas secas, e cairmos. Nosso jardim ainda existia, mas precisávamos florescer noutro lugar.

Estivemos aqui por um momento, mas fomos embora. Fomos plural, e agora somos singular.

Sei que, em algum lugar agora, ela acende um cigarro desejando parar de fumar. Apesar de esperar isso também, nunca esquecerei quão linda ela é tragando aquele Marlboro.

Sem mais delongas, desentrelaçamos nossos dedos.

Choramos, sorrimos.

Agora é hora de seguir em frente.