Qual é o sabor da liberdade? - Carta 2
Hey, você que veio bater à minha porta: o que procura? Quer saber como é meu castelo, minhas posses, minhas ruínas ou quer conhecer minha alma? Estou tão preso em mim mesmo que me esqueço de respirar, de viver, de sair desta fortaleza e procurar um lugar onde tenha luz e vida: aqui tem sido sombrio demais.
São tantas palavras ditas na hora errada, tantas pessoas gritando, tantas vozes perturbando-me em minha mente: eu não sei mais o que fazer. É tudo tão novo e tão real, queria poder encontrar a saída pela porta da frente, mas não sei ainda se tenho as chaves. Você, ainda assim, quer entrar?
Eu não tenho muito a oferecer, talvez já tivera algum dia. Eu acabei perdendo-me dentro de desilusões, medo, frio, dor: quem sou eu de verdade? Este castelo parecia ser mais belo pelo lado de fora ou, talvez, eu o tenha destruído. Preciso reconstruí-lo, preciso reconstruir minha alma.
Quem sou eu para acreditar no amor? A vida segue tão curta, tão passageira, não sei mais quem eu sou. Em um mísero instante, tudo muda e eu não sei o que fazer. Sempre fora alguém que queria sorrir, mas o sorriso que eu levo hoje talvez não seja tão verdadeiro. Mesmo assim, você ainda quer entrar? Se quiser, traga um pouco de luz e duas doses de amor, por favor; está em falta por aqui.
Quase não ouço mais sua voz, será que desistiu? É amor mesmo? Desistiria tão fácil? Esse tal de amor ainda existe? Pode ser que não mais, pode ser que seja algo mais fictício hoje em dia. Não quero seguir em vão, não posso, não tenho mais forças para remar neste barco que, a qualquer momento, pode afundar.
Eu realmente não sei qual é a saída, mas se encontrar as chaves deste imenso portão, quero conhecê-la. Sua voz é doce, seu jeito é diferente, você talvez queira ficar. Pode tomar um banho quente e sentar-se à mesa, eu irei servi-la. Quer entrar? Procurarei em meu velho quarto as chaves que, um dia, acreditei que não estivessem mais em minha posse. Talvez ainda estejam em uma gaveta qualquer.
Se vier, traga mais luz: escuridão aqui dentro tenho de sobra. E, se realmente quiser ficar, que seja para sempre: estou cansado de dizer "adeus" e ficar aqui sozinho do lado de dentro. Se for para dizer "adeus", que seja eu, que seja para sempre e que seja daqui muito tempo.
Moça, quero conhecê-la, desde a alma até a dança favorita. Ensine-me a dançar e seremos melhores juntos. O "para sempre" é só o começo e a dança ainda não começou.