Qual é o sabor da liberdade? - Carta 1
Sigo dentro de um castelo fechado onde entra pouca luz e pouco ar para respirar. Eu insisto em me dizer as palavras certas, mas meu corpo grita como se não quisesse mais ouvir nada. Eu mudo a rota, eu finjo que está tudo bem, mas em vão.
Eu deveria falar a palavra certa, mas eu não sei qual é. Sempre fora um romântico à moda antiga e acreditei que teria todas as respostas, mas, na verdade, eu não sabia quais eram as perguntas. Eu me peguei pensando na escolha certa, na saída certa, na palavra certa: mas acredito que ainda não aprendi a acertar.
Talvez o castelo venha a desmoronar-se, será que ainda estarei aqui dentro? Eu queria que você entendesse, mas não posso cobrar nada, não sei nem mesmo se eu consigo entender. Precisava de você para me salvar, mas como pedir isso? Quem sou eu para pedir isso?
Não sei se tenho as chaves para convidá-la a entrar. Os portões do castelo são muito pesados, será que conseguirei movê-los para você entrar? Você quer entrar?
Estou preso. É como se eu fosse um bichinho de estimação preso em uma caixa de vidro. Tenho um pouco de ar para respirar, mas não sinto ser o suficiente. Deixe-me ser livre, deixe-me ser real, deixe-me ser feliz! Não posso mais ficar preso, eu não quero mais.
Qual é o sabor da liberdade? Se você não tiver forças para me salvar, eu entendo. Mas, por favor, não me tire da solidão para depois colocar-me nela novamente: eu não aguentaria. Apenas venha me salvar se for para ficar para sempre. É para sempre ou jamais.