Querido, Humberto.
Querido Pai,
As coisas aqui pararam de fazer sentido, desculpe-me as marcas na folha mas é impossível escrever "pai" e não derramar as lágrimas que juntam em todo meu corpo.
Desde que você se foi o meu lar se desfez e não há mais lugar com cheirinho de casa. Eu sempre fui sua garota rebelde, e sabe?! eu poderia virar o mundo do avesso, poderia ir do Oaipoque ao Chuí a pé porque eu tinha certeza que se eu cansasse você estaria ali para me acudir, para me olhar com o carinho que reconstrói todo e qualquer cansado dessa vida.
Pai, você sempre foi e ainda é o homem que mais amei e amarei nessa vida inteira e em todas elas, sim! Acredito agora em outras vidas. Por que? Porque você sempre foi tanto que não consigo imaginar que coubesse somente nessa. Deus e os anjos devem estar muito felizes em te receber, se farte do vinho e da boa comida, meu rei, gargalhe e assobie na chegada.
Pai, sabia que eu ainda ouço sua voz?
Porém, não sinta vontade de voltar por minha causa, eu te amo, e essa caminhada é só sua, essa felicidade é só sua, que sua alma esteja brilhando daquele tanto que você sempre acreditou, que as coroas como aquelas que a gente recortava em papel dourado para igreja, sejam maiores do que você imagina. VOCÊ MERECE TODO AMOR DO EXTRAMUNDO.
Não vejo a hora de te encontrar ai na sua festa, estou guardando um vestido bem bonito.
Com amor,
Sua sempre filha caçula, Patricia.
(PS. a gente já compartilha um Valle, Humberto e Patricia do Valle)