13 Chás com a morte... Segunda Carta.
24 Novembro de 2016
Bato a porta e a mesma instantaneamente se abre entro antes mesmo de ponderar quão belíssima construção, mas vamos tenho que me sentar num sofá...
Quanto tempo amigo não venho lhe visitar, seus olhos sua face sua saudade há muito a me completar, queria apenas contigo tomar um chá, hoje sou Eu que estou a precisar, afinal alguém deve chorar...
Vim da cozinha com duas belíssimas xícaras chinesas porcelana antiga quase a trincar, nas mesmas apenas um gostoso e tranquilizante filtrado em minha capa, aquele perfeito chá...
Rotineiridades foram trocadas e se me perguntassem saberia responder ate mesmo o signo de quem fez o sofá, jovem sonhador que estava apenas a velejar, não me perguntem, pois estou velha e cansada e essa brincadeira acabará a me deixar desnorteada na beira de uma estrada...
Tomo meu segundo gole e o relógio bate a décima segunda badalada, pena que não posso correr e deixar tudo no passado afinal são milhares de anos na estrada, abra a janela esta na hora de pequenos fragmentos de uma verdade, a vela negra acesa no canto da escada, quase fecho meus olhos e caio em minha própria cilada, mas não posso, pois hoje sou apenas uma morte respeitada...
Os vidros da janela trincam lentamente e uma luz muito forte invade a sala, apenas um zumbido ecoa pelos cantos e a vela negra no meio de uma tormenta não se apaga, sopra uma brisa quente algo típico de verão e um doce cheiro de alecrim, muitos não acreditariam em mim, mas juro ter sentido a presença de um anjo bem ao longe, bem distante...
Tomo meu ultimo gole e no fundo de minha xícara o símbolo da morte, a marca de seleção ou escolhido oh quantas ciladas pré-definidas, seria irônico...
No fundo da xícara da morte apenas há morte e no fundo da minha xícara algo negro e encantador... Aguardem...
Naquela mesma brisa Eu me vou acompanho meu irmão diz a morte.
Aqui apenas um lindo jardim aquele velho misto de preto e verde...
Finalizei meu chá olhando para a lua já é noite e nem percebi que ela chegou, ela hoje cumpriu sua promessa e esteve aqui, um chá leve que me lembra uma doce mistura de aromas entre camomila e alecrim.
Pena nunca ter fim.