Obscuro
Tenho medo de ter me tornado o que eu mais temia, tenho medo de descobrir que tenho um coração escuro, tenho medo de descobrir que perdi minha essência, meus valores.
Tento me convencer que não é maldade e que é o correto a se fazer, mas será? Será que eu não sei a verdade?
Tenho medo e vergonha de admitir que tomou minha cabeça, que a raiva está cegando meus olhos. Sinto a garganta tremula, cortante, como se o grito fosse calado, e as lagrimas enchem meus olhos mais não conseguem descer a face.
Me sinto encurralada, obrigada a continuar, mas o cansaço arqueia minha postura, manter a postura e a compostura é um tormento diário. Até as palavras me abandonaram, os prazeres e as distrações também.
A verdade é que estou presa nessa carapaça e não consigo me soltar, só me restam as lembranças do que já não é e os pensamentos soltos no vento.
Acho que na verdade apenas me cansei de tudo isso.