Não gosto de quem cria pássaros em gaiola.
Quando eu era criança no Sítio Campo do Gavião zona rural de Frei Miguelinho cidade do agreste de Pernambuco onde fui criado, via os vizinhos criarem pássaros presos em gaiolas, via os vizinhos se exibirem com “seus” pássaros como se eles fossem troféus, coisas, objetos sem querer próprio,sem vida,sem direitos.
Na inocência de criança e guiado pelo costume do que via certa vez, pedi para minha vó: - Mãe eu quero criar um passarinho! E a velha Judite do alto de sua sabedoria disse não! E eu teimoso insisti!: - eu quero mãe eles cantam tão bonito! E aí ela me deu uma lição que carrego a vida inteira:
Meu filho, eles cantam de tristeza, cantam de saudade, saudade dos seus companheiros, saudade de voar livre, imagine um seu azul, lindo desse, ele não pode voar…
A velha sabia bem do que falava, durante anos de sua infância, foi interna de um convento onde foi privada de sua liberdade.
A partir desse ensinamento minha vó passou a ter problemas com seus vizinhos, pois passei a escondido quebrar as gaiolas dos vizinhos e soltar as aves, e cheguei a sonhar em escrever um livro cujo título seria “advogado dos pássaros” o livro não saiu do sonho, mas uma certeza eu tenho, não crio pássaros em gaiola e não gosto de quem cria.
Carlos Galdino.