Valioso clarão
Certa vez, perguntou-me o que pode haver de mais valioso a um sujeito criança, adulto, ou idoso. Disse-lhe que há quem seja ou não criterioso, que cada um tem sua hierarquia de gozo.
No entanto, numa dessas noites em que a solidão transforma tudo em clarão, recorri às minhas lembranças, passeando pelo que vivi, ganhei, e perdi, dando-me conta de que pouco somos sem nossas memórias.
O que somos, afinal, sem nossas memórias? O que resta de nós?
Sem nossas memórias resumimo-nos a seres sem registros, sem vínculos, sem história. Eu, por exemplo, não poderia agora estar a te escrever, porque não haveria, para mim, a ti, nem a escrita, ou algum saber.
Enfim, cada pergunta traz uma aposta.
Guardarei enquanto puder, tudo aquilo que me aprouver.