Desculpa Amor!
Sexta feira, Marilu volta do trabalho bem cansada com a filha no colo. Livra-se de toda a bagagem que trazia da sua semana laboral. Prepara-se para arruma a casa, tomando um vinho para relaxar, já sabia que este seria o seu único companheiro, pois sexta-feira é o famoso dia do homem e o seu marido não foge a regra. Enquanto ela arrumava o quarto encontra um envelope na cabeceira, ao lado tinha a foto sua com seu esposo no primeiro dia do noivado, com um sorriso radiante de um casal que perspectiva um futuro muito feliz. Com uma caligrafia bem elaborado o envelope vinha assinado "Desculpa Amor". Com as mãos estremecendo e com lágrimas querendo cair de seus olhos presas apenas espera do motivo, ela abriu o envelope e encontrou uma carta que dizia:
"Amor! Não sei sequer por onde começar.
Antes de tudo somente tenho a dizer que tudo o que disse desde o início era mentira. Eu nunca soube o que é realmente amar. Fiz contigo e com a nossa família o que não poderia fazer com um estranho.
Eu sei que ainda não percebes o que te digo, e te é difícil imaginar o que eu posso ter feito.
As lágrimas que escorrem em meus olhos não são de um ser que merece perdão, eu estava completamente ciente do que estava a fazer.
Chega de dar voltas! Essa será a ultima e a pior história que irei contar-te.
Tudo aconteceu a seis meses atrás, em uma dessas minhas saídas com amigos aos finais de semana, naquele dia eu não quis consumir bebidas alcoólicas, ainda assim estava agitado e me divertindo.
Era quase meia-noite, quando entramos em um bar super calmo, um ambiente ideal para troca de ideias e uma dança suave. O ambiente estava super bom, algumas horas depois vi um grupo de jovens que chamaram atenção de todos homens que ali estavam. Identifiquei uma delas, era uma ex-colega. Elas vieram e compartilharam a mesa conosco, conversamos, trocamos olhares, confesso que a desejei ardentemente, ela inventou uma saída e pediu que eu lhe acompanhasse.
Durante a suposta saída ela confessou que apenas inventou uma história para poder separar-se das amigas e tudo o que queria era ir para casa, já estava cansada e com sono. Prontifiquei-me em leva-la para casa. Durante o caminho falamos explicitamente sobre sexo, narrando as nossas aventuras sexuais. Ao chegar a sua casa, já íamos nos despedir até que ela disse-me que estava sozinha em casa e convidou-me para entrar.
Não hesitei. Entrei e deixamo-nos levar pelo desejo. Foi apenas mais uma noite de sexo intenso, mas não foi somente sexo. Naquela noite entreguei-me a aquela mulher completamente desprevenido, não pensei em usar preservativo pois sequer trazia comigo, deixei-me levar pelo desejo, corpo escultural e uma conversa que transmitiu-me confiança. Senti-me especial, diferente dos demais conforme ela me disse e senti, a cada toque seu.
Daquele dia em diante minha consciência me pesava, avaliava e reavaliava aquele dia, deixei de pensar com o meu ego, deixei de acreditar que eu poderia ter sido o único a ter aquela aventura com ela. Já passam seis meses, ela foi a única com a qual envolvi-me sem proteção.
Hoje... Resolvi fazer o teste de HIV.
Enquanto aguardava pelo resultado vinham os flashbacks a única coisa que passa em minha mente eram as imagens das noites de amor sem pudor, as juras de amor que fazíamos. Por um instante meu mundo caiu quando recordei-me de todas vezes que acidentalmente feriste nossa filhinha com os objetos cortantes que eu usava com frequência. E se ela... Não consigo acreditar que eu fiz isso. Não posso! Não posso! Não posso e não posso...
Desculpa Amor!"
Horas depois ligaram para sua esposa avisando-lhe que ele acabara de cometer o segundo suicídio.
"Ame ao teu próximo"