Najah

Minha serpente emplumada, minha dança do ventre sentida no interior do vento, meu alento! Não alargo o parágrafo senão, espalho-me!... Além do mais, para hoje já tinha prometido publicar... Vem ver:

A FÉ

[meia dúzia de razões]

1

é bonito nascer assim

todos os dias pares

nos dias impares

paro entre os impares

eu acredito em tudo

sem acreditar em nada

entre o tudo e o nada

eu sou o que acredito!!

2

uma coisa é incerta

se eu morrer a dizer

ser muçulmano

devo estar a delirar

queria morrer de lira

cantando um canto

imortal cantando

em qualquer canto

hei-de ser sempre

assim ou assado

frito ou cozido

a viver o fado

3

amo a incerteza

a única que se dá

com a certeza

integral e pura

de ser a beleza

talvez ela não seja

da igreja Madá

mas para quem deseja

tanto perdura

desde que se reveja!

4

amaria poder dizer

já depois de morrer

quando escrevi

nestes versos

eu já conheçia

todo o destino

fiquei aqui

onde o poema

é tudo e é nada

nado de tudo e nada

5

nos meus olhos

vive a consciência

com que olho mudo

o mundo que fala

há no espanto

tanta alegria que

só me admira

não a admirarem

todos os incrédulos

deviam poder

tal como eu

converter-se à Poesia

6

nenhuma razão

resume o que lês

por todas... em vão

esta acidez

de reagir... a noção

dizer no são

a sanidade... vês?

não damos vazão

à Fé de vez...

é o Amor o diapasão!

Assim Mesmo

E, para que não nos falte nada, do Mural:

SE NÃO FOR MUSA SEJA TUSA

Devia dar direito a feriado

o DIA DO POETA

para podermos cultivar

flores floridas

pelas nossas palavras lidas!

Não sendo, faça o poema

como se nada acontecesse

e só a emoção fosse tema,

bom remédio para a tosse!

Solta-se o catarro da garganta

o poeta seus males espanta,

e, por sublimes instantes,

recusasse a ficar calado…

escreve em silêncio Silêncio!

Agita as palavras

como um lenço branco

e diz adeus à sua musa

aquela que lhe dá tusa

até se sentir mais bronco

que o porco soltando ronco!

Espera a visita desse prazer

onde harpeja o som

de melodiosa

lira

com a qual delira

cantar o canto que sente… ser

E passa o seu dia, como outro

qual/quer?

Francisco Coimbra

+

“5/6 acção 1/6 fracção” - Assim - Poesias

http://www.usinadaspalavras.com/index.html?p=ler_texto&txt_id=7189&cat=15

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 06/10/2005
Reeditado em 06/10/2005
Código do texto: T57233