Ser protagonista não é nada fácil.

A vida é sempre uma grande surpresa.

Chegamos a um ponto que definitivamente temos que arriscar, sabe aquela sensação de “Mais um ano” e tenho que correr?

Então cheguei nela.

Foram varias pensamentos e ideias, medos, insegurança. Na verdade muitos medos!

Não é sobre ter fama ou ser conhecida. É sobre estar viva.

Ser protagonista na vida real é um tanto complicado, ainda mais quando você tem que escrever editar, dirigir. É muita responsabilidade.

Ainda sobre o medo, nunca sabemos onde tudo vai dar mas em algum lugar tem que ter o ponto de partida e o ponto de chegada.

O de partida já me foi dado, agora procuro o de chegada.

Ponto de partida, Brasil, 198...

As lembranças talvez seja nosso único amigo verdadeiramente fiel. Você pode nascer no Brasil e querer ir para EUA, Japão, França, qualquer lugar, elas sempre te acompanharão. Tristes ou não isso não importa quando o assunto é fidelidade. É isto!

Sentada em minha cama, dentro do meu universo “Quarto” me sinto como um alienígena observando o mundo pela tela da Tv, do computador. São tantas vidas lá fora que parece significante ao mundo que o melhor que eu posso fazer é ficar por aqui e guardar a minha vidinha sem graça, insignificante.

Eu tinha planos. Costumava sonhar, mas o tempo me deixou firme como se fincada ao chão e não consigo me desenterrar. Não que eu não saia do quarto, eu até saio dele por horas mas sempre volto, é aqui o meu ponto mais doloroso, é onde posso estar em contato comigo, meus pensamentos, ideias. O espelho da entrada é pra eu ter certeza de que “Agora sou eu comigo mesma”. Sem mascaras!

Você ai também já viveu isso,

Digo ter duas personalidades, ou uma só que mude, até mesmo varias e se perder dentro de todas e não saber de verdade quem é você dentre todas?

Eu gosto da que vai lá fora. Parece confiante sem medo, passa segurança nas coisas que diz.

Mas ela volta, senta na cama e se pergunta: E agora?

Era tanta coisa pra dizer e não disse!

Devia ter dito eu sei. Hoje isso não estaria me sufocando por dentro.

Sempre me questionam por parecer misteriosa, por não confiar nas pessoas, nas minhas amigas. Mas é que elas veem em mim a pessoa que eu quis ser a vida toda. Se lhes contar sobre mim derrubo o castelo de areia que demorei anos para construir. Eu até suporto minha dor o que não suportaria é estar de cara limpa lá fora com todos os olhares em mim.

Não! Isso eu não suportaria.

Não me julgue uma pessoa fraca, eu tentei eu tento todos os dias quando aqui estou. Puxo os meus pés com tanta força que às vezes sinto desloca-los, mas eles insistem em permanecer.

Então volto ao zero de novo e rasgo todas as folhas das cartas que escrevi do livro que eu quis lançar, das palavras carregadas de dor que em lagrimas digitei.

Eu quis muito acreditem!

Mas quando puxo meus pés e releio cada linha escrita, eu os empurro mais pra dentro da terra e queimo todas as provas possíveis do que é estar em mim. Caio na cama e sinto a dor de um pós-operatório.

Levanto tomo um copo com água com meus comprimidos e durmo por longas horas. Isso passa, sempre passou. Depois eu levanto me visto do “ser alguma coisa” abro a porta e distribuo meu sorriso a quem interessar, lá fora precisam de mim, ou melhor, do que eles pensam ser eu. E lá estou mais um dia pronta pra dar meus conselhos, preciso disso. Muitos acreditam em mim, me procuram em busca de ajuda pra superar seus medos.

E sinceramente eu merecia um prêmio por interpretar tão bem o papel.

Mas...

Final de dia e eu preciso voltar para o meu quarto. Eu estou lá me esperando.

Quem sabe um dia daqui de dentro do meu mundo eu consiga alguém que seja tão vilã quanto eu da própria historia.

Lekka Cris
Enviado por Lekka Cris em 24/07/2016
Reeditado em 29/05/2017
Código do texto: T5707672
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