A última declaração de amor

É claro que ainda penso em você quando estou com ela. E é claro que eu sei o quão absurdamente rápido eu me joguei nos braços de outro alguém. É óbvio que eu também sei como isso faz parecer que tudo foi uma mentira. Eu pensei em voltar e, de fato, eu voltei, tentei me explicar da melhor forma que eu podia, mas simplesmente cansei de sempre correr atrás até mesmo nos assuntos mais banais.

Não é como se eu não sentisse mais nada daquilo e eu não espero compreensão pelo o que fiz, já que nem mesmo eu entendo. Meu amor não se foi. É mais como se ele tivesse sido trancado dentro de uma caixa da qual nem mesmo eu posso abrir e que nem quero que seja aberta caso tudo volte a ser da mesma forma. Me parece que foi a mesma coisa que você fez com a pessoa que você costumava ser comigo.

Eu não sei o que eu fiz, mas aos poucos você se afastou de mim e se fechou no seu mundo novamente; já não me contava mais sobre suas aflições; já não se preocupava em saber como foi meu dia e não parecia ter o mesmo prazer que tinha antes ao simplesmente conversar comigo e ao falar sobre nós; não parecia querer mais ficar acordada até tarde comigo conversando sobre qualquer trivialidade; já não me mandava mensagens de manhã ou de madrugada, simplesmente para me desejar um bom dia, mesmo sabendo que me veria em poucas horas.

Eu não sei o que eu fiz para merecer seus olhares de repúdio quando eu dizia alguma coisa idiota, sendo que eu sempre fui assim. Seja lá o que eu fiz, eu peço perdão. Eu também sei que não ajudei em muita coisa, que disse que faria certas coisas e pararia de fazer outras para conseguirmos seguir em frente, mas nada daquilo conseguia se tornar verdade e ecoar no meu coração, por mais que fosse bonito e louvável.

Eu queria mesmo era estar com você. Queria ser capaz de pagar o preço por isso. Mas eu sempre tropeçava no seu sorriso, no seu olhar, no toque da sua mão, no seu abraço, no seu perfume, no calor do seu corpo e tudo que eu queria era me perder em seus lábios, mesmo que tivéssemos brigado há poucos minutos.

Acredito que poderíamos ter dado certo.

Como?

Eu não sei exatamente.

Do meu jeito ou do seu.

Teríamos que escolher.

E falhamos nisso.

- Escrito em Abril de 2015

Pablo de Sena
Enviado por Pablo de Sena em 24/07/2016
Reeditado em 24/07/2016
Código do texto: T5707320
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