Senhores

Senhores,

Imagino não terem noção do peso que carrego em minhas costas graças a vocês. Não! Eu não estou exagerando. Os olhares condenatórios, as falas agressivas, a postura intolerante e a perseguição gratuita deixaram marcas. Podiam encarar como brincadeiras inocentes, coisas da idade, mas o coração não entende desse jeito. Ele reage. É verdade que nem sempre usando a sensatez. Ele nem conhece essa palavra. Penso que me induzir a tentar a sorte no plano astral não é mesmo o melhor dos conselhos. Deixo de lado, não dou ouvidos, mas ele tem memória e resgata as mesmas sensações claustrofóbicas e de impotência. O desejo de me atirar ônibus afora e evaporar naquele salto. Até hoje luto contra a vontade de jogar-me debaixo de um. O suor frio ainda é o mesmo sempre que avisto de longe um grupo de garotos, imagino que serão como vocês, vez ou outra me surpreendo, passo batida e o pobre órgão pulsante sai ileso, mas é tarde, a essa altura, pernas trêmulas, respiração ofegante e o medo, meu eterno companheiro. Aquele que não me deixa por mais que eu queira. Acho que nos apegamos. Era com ele que os enfrentava e com ele finjo enfrentar a vida. Ele ainda é maior que qualquer outro sentimento. É a herança construída pela falta de humanidade. Não tenho pra quem deixá -la, nem o faria. Não condenaria ninguém a sobreviver dessa maneira. Se era isso o que desejavam, orgulhem-se. Se não, peçam perdão a DEUS, mudem de postura e ensinem seus filhos, caso tenham, o real significado de respeito. Estarão tornando o mundo um pouco menos infeliz para alguém.