RESPOSTA A UMA LEITURA DE FÃ

Entendo o que você disse, que minha escrita "é bonita mas difícil de ser decifrada". Sei que escrevo como se deixasse entrever que tem mais ali do que foi dito... A poesia, em geral, pede isso: que as palavras seguidas uma das outras façam surgir imagens na mente de quem lê. Se isso acontece, o poeta se realiza pois essas imagens serão IMAGENS POÉTICAS!

Sem pretender esgotar as leituras do poema que você leu, vou comentar o que disse.

As pessoas dizem "EU SOU" com tanta certeza que chega a me constranger, eu que nem sei quem sou e estou sempre me procurando por desconfiar que eu AINDA NÃO SOU. As pessoas dizem assim delas mesmas como se fosse possível reduzir o que são/uma pessoa. a uma coisa só, uma imagem para os olhos, pele para o toque, sexo para o sexo e assim por diante... Mas uma pessoa é uma infinidade de pessoas, de camadas sobrepostas do que ela foi e do que ela pode ser, uma pessoa é uma obra de arte aberta para o tempo, pessoas são como ondas e luz...

Para se conhecer ou conhecer uma única pessoa é preciso tempo e disposição para descobrir uma pessoa dentro da pessoa, uma pessoa debaixo da camada da pessoa que a gente vê. Parece filosofia... Pode rir junto de mim comigo por eu perder tanto tempo nisso. Mas penso o seguinte: se estamos todos em busca de preencher o vazio que vai entre o que somos e o que não sabemos e estamos dispostos a correr o risco que é viver, então eu escolho me perder nas combinações das palavras como se escrevendo eu me encontrasse, me conhecesse melhor...

Para descobrir "o que é uma pessoa", é preciso dar-se num mergulho para dentro dela. Isso também será um mergulho para dentro se si mesmo. Afinal, conhecer o outro, o próximo, uma pessoa, é conhecer a si mesmo também. Obrigado por me dar a oportunidade de falar das coisas que gosto de pensar, obrigado por ser a pessoa que você é.

Antônio B.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 15/06/2016
Reeditado em 17/06/2016
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