O amor se tornou obsoleto.

Começo, meio e fim. Toda história de amor é uma história muito bem construída, elaborados diálogos, cenas improvisadas, drama excessivamente espalhado e dois fins possíveis, o conto de fadas com o famoso "Felizes para sempre" e a imprevisibilidade-não-tão-imprevisível de cada um para seu canto e a vida supostamente segue.

Paredes pichadas com prefácios, sorrisos distantes contornados pela troca de olhares por volta da metade da noite, a outra metade se encontra no rodapé da parede começando com beijos, finalizando na casualidade moderna de uma noite apaixonada. Tetos como uma tela de cinema, durante a noite o olhar vidra o retrocesso da história e de cada erro cometido pela parte dos atuantes. A saudade se porta como capa, de longe bem vista, sinal de que valeu a pena e a contracapa se vê como o remorso. Todo livro guardado na estante amarela, perde a beleza externa e corrói a história nela contida, livros se tornam obsoletos como cada um dos relatos, cada amor exatamente roteirizado, no epílogo sempre uma traição ou o apagão iminente da chama criada por mentes banalmente iludidas. Hoje, você viu as personagens chorarem por motivos aparentemente plausíveis, amanhã o filme é outro e as mesmas personagens estão sorrindo para seus próximos contos. O cinema finalmente enche, a fórmula funciona uma vez mais, por cerca de cinco anos ou mais, o casamento não vem, então rompem-se os grampos que unem as páginas do início ao fim. Então pegamos outro dvd na estante ao lado dos livros empoeirados, esquecidos, apertamos o play e a troca de olhares é a mesma, os sorrisos também, em seguida o beijo, o sexo e a vontade de passar por toda história como um ingênuo qualquer volta, você assiste, lê, comenta, discorda com o final, com o meio e o desenvolver, amanhã você compra outro e repete. O livro, acaba sendo a mesma coisa.

As histórias precisam ser mudadas, para que o livro seja guardado da maneira mais carinhosa o possível, porque boas histórias, as fadas e os contos precisam ser mantidos, nem que por magia.

Classicisa
Enviado por Classicisa em 08/06/2016
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