Carta para um amor que ainda chegará

Querido amor,

Vinha eu pela vida, entre flores e ervas daninhas, entre pássaros e serpentes, entre subidas e ladeiras ora escorregadias, ora ornadas com flores, ora repletas de pontiagudas pedras. Caminhava eu pelas horas incontáveis, com os olhos cansados de leituras insossas e sem sentidos, às vezes com personagens violentos e que me causaram tanto medo e espanto, e tantas vezes com finais infelizes! Percorria eu caminhos intermináveis de lutas e aflições, de vitórias e também decepções quando, em uma certa tarde, numa dessas esquinas surpreendentes dos dias repletos de canseiras e incompletudes, eu te encontrei! E então teus olhos passearam nos meus. E quando tuas mãos tocaram as minhas e teus lábios entregaram a mim os teus beijos, a incompletude se desfez. E nova leitura da vida consegui vislumbrar e outras interpretações e desenlaces compreender. Novos e deliciosos sabores experimentei, outras sensações esplêndidas e surpreendentes saboreei. Tantas coisas poderia te dizer! Poderia te falar que trouxeste muitas alegrias e belezas para a minha vida e que basta a tua presença para tornar qualquer dia em um dia mais que feliz e especial! Também poderia dizer que quando ouço a tua voz é como se tudo se transformasse em o melhor que se pode ter, ou ver, ou sentir. Poderia te mostrar o quanto tu és precioso, importante, insubstituível! Poderia citar Pablo Neruda que disse: “De repente enquanto ias comigo te toquei e se deteve minha vida: diante de meus olhos estavas, regendo-me, e reinas. Como fogueira nos bosques o fogo é teu reino.”. Mas não direi. Digo apenas que tu és o meu grande, delicioso e feliz amor!

Abraços e beijos de

Maria.