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SAUDADE, MÃE!
Ontem colhi esta rosa, deixei-a ao lado de tua fotografia,
mas depois coloquei-a no centro da mesa para fotografar.
Foi a senhora que me ensinou a amar as flores, a cultivá-las,
foi a senhora que com o trabalho constante em crochê,
costura e culinária, me incentivou a aprender tudo o que
sei fazer.
Hoje terminamos de lavar e colocar a cortina na sala,
o crochê que fiz para ela já tem trinta anos e ainda
está perfeito. Eu e o José Augusto nos empenhamos
em lavar, cada peça e eu passei e recolocamos no
lugar. Estamos a reformar a casa.
O trabalho feito por nós mesmos dá uma sensação
de dever cumprido, de estar dando continuidade
à algo que iniciamos há tantos anos.
A senhora não está mais aqui para ver a casa toda
pintada e cada objeto renovado pelas mãos dele.
Há amor em cada lustre que ele lava, em cada parede
que dá massa e pinta novamente.
Cada pessoa tem a sua forma de expressar amor.
A senhora expressava um grande amor por nós quando
nos ligava todos os dias e perguntava: E ai? tudo bem?
Quando queria saber sobre os netos e se interessava
pela vida de todos e dava também seus palpites...rs
Ah! mamãe, cada dia que passa a gente vai percebendo
que a senhora se foi mesmo, que não é um sonho.
Às vezes me pego querendo te ligar para contar algo,
para dizer que minha torta ficou linda, que terminei
mais uma tolha de crochê, que o vestido deu certo...
mas então percebo que não há como te ligar, apenas
posso te enviar minha gratidão, minha saudade, meu
amor.
A gente às vezes discutia...éramos diferentes em outros
aspectos, tínhamos posições diferentes a respeito de
muitas questões...mas hoje percebo que mesmo assim
com nossas diferenças, havia muito amor...
Saudade, mãe...
Esta rosa é tua.
Beijos!
Adria.