Partida
Ver-te no ônibus foi fabuloso. Toda a poluição sonora desapareceu só podia ouvir meu coração acelerado que guerreava com a respiração ofegante...
Meus pés não sentiam mais o chão e eu e a consciência não de noção de tempo.
Os óculos finos e pretos que moldavam seu rosto me ardiam à alma, e seus olhos frios e distantes que pousaram sobre mim dilaceravam minha pele.
Mas que pena! Essa formidável sensação logo tomou um rumo diferente, tornando amargo e cruel cada milésimo de segundo naquele espaço infernal, quando por mim passou ignorando, como se eu fizesse parte de um rabisco de vândalos nos vidros.
Nos minutos que se arrastavam meus olhos que já anunciavam grande desespero, tristeza e agonia que contemplaram a poça de água na sarjeta do ponto de partida. Ela me convidava a descer e seguir com a rotina, meu corpo obedeceu, mas toda a alma ainda está lá.