CARÊNCIA? PODE SER!

Eu tenho essa mania doentia de querer te contar tudo, e por isso te chamo. Necessito compartilhar contigo algumas experiências, e por isso te ligo. Às vezes para falar dos tormentos, às vezes para falar de alguma conquista (mesmo as pequenas), às vezes sem motivo, simplesmente porque preciso.

A tua participação na minha vida é uma necessidade constante, tu entende isso? Em tudo o que vivo há faltas: da tua fala, da tua opinião, do teu conselho, da tua cautela, da tua bronca, do teu riso ao telefone, das tuas cantadas baratas...

Eu te ligo, mesmo sem merecer de ti atenção, porque não consigo me livrar desse desejo de te contar tudo, para que saibas se estou triste, se estou nervosa, se estou tranquila...

Esse desejo de querer te trazer para perto, seja como for, é o fim. É insano!

Mas insisto nesse vício, nessa demência absurda de te querer na minha vida, quando sequer estás interessado em saber de mim.

Persisto em te procurar, em te implorar cuidado, em pensar na possibilidade de te ter ao meu lado nas decisões mais difíceis, nas provas mais duras, nas prisões mais antigas, das quais eu não consigo me soltar, porque, inexplicavelmente, tu me dás segurança.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 13/05/2016
Reeditado em 13/05/2016
Código do texto: T5634315
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