Bom dia mãe!


Nem preciso falar da saudade que invade todo o meu ser, não é mesmo? Gosto de acreditar, que sempre nos acompanha e observa. E de onde estás, verificas se aprendemos bem as lições por você ensinadas. Sei também que ainda nos orienta novos caminhos quando nos desviamos da trilha certa. Espero que não se aborreça, em constatar que nem sempre assimilamos tudo o quanto nos ensinou, e não porque você não tenha sido boa o suficiente, mas porque ser assim, faz parte da nossa evolução.
Um ano já faz mãe, que você encerrou o seu aprendizado neste plano.Quando partiu em busca de uma maior evolução, deixou-nos todos desamparados do seu amor incondicional. Cada um de nós, tem tentado se virar sem o seu zelo tão eficaz nas horas de aperreio.
Sempre ouvi dizer que o sofrimento que se vive após a perda de um ente querido, vai passando a medida que o tempo passa. Dizem também que a dor vai enfraquecendo até restar uma doce lembrança. Sinceramente, penso que essa regra não se aplica a todo mundo, nem tão pouco a toda perda. Ou então ainda é cedo. Não vou dizer que você esteve todos os dias, horas, minutos e segundos em nossos pensamentos, mesmo porque estaria mentindo. As correrias do dia a dia nos absorve de uma forma que as vezes, mesmo sem querer esquecemos até daqueles a quem queremos muito! Mas com certeza, sempre que nos saímos bem ou não em alguma empreitada, ou mesmo quando fazemos algo que sabemos não teria a sua aprovação se aqui estivesse, sua imagem vem à mente e sem querer os olhos marejam.
Como vê mãe, você nunca esteve tão presente em nossas vidas, como agora que distante estás!
Todos nós ainda sentimos a sua falta, mas se possível continue praticando aquele teu pensamento que diz: “ O meu filho mais querido, é o que no momento etá precisando de mim”. E você mãe, melhor do que ninguém, sabe qual de nós está precisando do seu colinho. Mesmo porque, não podemos estar junto dele. Não agora.
Mãe, estava aqui pensando quantas cartas te escrive quando decidi vir morar tão longe de vocês. Costumava contar tudo, cada detalhe. Era como se estivéssemos batendo um gostoso papo, mesmo porque, tudo era novo pra mim nesse lugar, e eu sentia a necessidade de te falar como eram as coisas e as pessoas daqui. Acho que era mesmo para te deixar mais tranquila, já que não podia me segurar caso houvesse algum tropeço.
Depois adquiri um telefone fixo, e aos poucos fui deixando de te escrever. Sem contar que criei coragem e comecei a ir te visitar com mais frequência também. Hoje estou aqui, escrevendo essa cartinha pra você. Voltei aos velhos hábitos...
Mãe, vou te confessar um segredo, desde que você se foi, comecei a escrever textos. Já penso até em publicar um livro. Pode?
De repente me lembrei, acho que foi você que me inspirou! Lembra-se, que você as vezes me dizia que quando estava triste ou aborrecida, com alguma coisa que não havia dado certo com o seu pensar, procurava escrever numa agendinha. Isso a deixava mais calma e confiante em prosseguir na sua lida. Realmente constatei que você tinha razão! Fica mais fácil dialogar com o papel. Ele não reclama de nada, não revida, absorve minhas mágoas, minhas dores, meus anseios, enfim, ele me entende!
Te devo mais essa viu!
Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 26/04/2016
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