Vida Nova

Mudou, tudo mudo.

Não vivo mais a vida que eu tinha, era eu quem vivia mesmo. Hoje tenho o que não tinha. Tá tudo virado. Novos ares, novos objetivos, novas alianças. Desde aquele dia em que fiquei doente minha vida tomou um outro rumo. Não tinha uma direção certa, um caminho certo a seguir, não sabia com quem contar e a quem recorrer.

Decidi fazer o que tinha vontade, de verdade !

Viver o que não vivi, mas vi muita gente fazer sem medo de ser feliz.

Fui puta !

Fui vaca !

Fui desagregadora !

Fui destruidora de lares !

Fui vadia !

Fui mulher !

Fui promíscua !

Fiz o que senti que deveria ter feito. Não me arrependo, mas não faria de novo. Afinal de contas, eu estava doente ! Quem poderia me defender ou me ajudar ? Não tinha a quem recorrer, não tinha a quem procurar.

Fui vítima !

Fui doente !

Fui prestadora !

Fui emprestadora !

Vivenciei o que tinha que vivenciar ! Não me arrependo, mas não faria de novo ! Eu quis viver isso, eu quis sofrer com isso ! Eu quis me entregar de corpo e alma, sem medir as consequências !

Não me arrependo, mas não faria de novo !

Fui filha !

Fui namorada !

Fui irmã !

Fui fuga !

Fui resgate !

Fui uma merda !

A vida de promiscuidade chegou perto de mim, sem que eu pudesse me defender, mas eu quis assim. Queria viver o que não vivi ! Queria conhecer o que não conheci !

Aos quinze anos tinha o sonho de sair com alguém, me envolver, engravidar e nunca mais saber desse alguém. Isso não aconteceu, pois não tinha que acontecer.

Nunca me chamaram de nora, sempre fui: "a namorada do meu filho"!

Nunca quis ser nora, se fosse bem recebida, quem sabe, mas não era bem recebida.

Não era bem recebida !

Não era bem vista !

Não era desejada !

Não era nada !

Era apenas uma pessoa qualquer !

Foi uma trajetória mista de sofrimento, calor, amor, satisfação, conclusão e a certeza de que um dia daria certo. O que não descobri ainda, mas ei de descobrir.

Deixei pessoas para trás, a maioria que convivi na infância. Hoje retomei 70% dos meus contatos, estou feliz por isso, porém, nunca deixei de fazer o que gostava. Nunca fui privada disso, mas fui privada de compartilhar minhas alegrias com quem acreditei estar amando.

Amando ? Há há há há há. Isso não aconteceu comigo. Eu amei, não fui amada. Cheguei ao fundo do poço, sozinha, não tive ajuda. Tive medo, queria morrer, não queria ficar nessa vida doente, com algo que não sabia o que era. Estava vivendo o desconhecido. E agora ? O que seria de mim ?

Ah, quer saber, não vou ligar e vou continuar vivendo !

Uma nova vida !

Vida que sempre quis e nunca tive !

Hoje tenho, mas não sei viver. Muito tempo em uma vida que não era vivida por dois, putz, agora é. Na verdade vivida por um, de novo, mas ele. Que pena ! Tenho que aprender a viver ! Não me lembro mais. Aliás, nem sei o que é isso.

Quero aprender ! Será gradativo, mas sei que vai dar certo !

Mas preciso de muita paciência, paciência, paciência, paciência !

Paciência !

Adalaine Nogueira
Enviado por Adalaine Nogueira em 15/04/2016
Reeditado em 15/04/2016
Código do texto: T5606108
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