O HOMEM SEQUELADO, EM JESUS, O CRISTO

(para Eduardo Jablonski, analista crítico de minha humilde obra literária, em gestação)

Meu apreço, lisonja e gratidão pela tua criatividade e dedicação exige este posicionamento para contigo e para com a tua obra analítica. Não é qualquer pessoa e qualquer texto que está à altura de teu mérito e dedicação às Letras. É, no mínimo, o que me compete como analisado. Admiro-te cada vez mais, meu mestre orientador de caminhos. Bom domingo de Páscoa, de reflexão sobre o sentido da vida, mesmo que sejamos (ou estejamos) cada vez mais céticos do homem frente ao seu semelhante. No entanto, Jesus, o Cristo, por criatura humana e por haver subvertido o estar no mundo desde seu tempo de viver, inspira à reflexão e ao respeito por seus valores, mesmo que deficientes, por vezes, de credibilidade (em mim) frente aos entornos de aparente fraternidade. Assisto – incrédulo – aos acontecimentos que enlameiam a condição humana. Todavia, esta é a inexorável condição de ser, e assim comovo-me com a história do Pai – por mais que tente conseguir senti-lo – e, sim, o sofrente, que de tão humano, hilária e curiosamente, era encimado, na cruz, pelo INRI, o rei dos excluídos. Que rei é este, de tão gloriosa penúria? É esta fome de justiça e de coisas palpáveis o que faz crença de sua imensa sabedoria, mesmo que analfabeto de letramento, segundo algumas fontes históricas. Ações e exemplos o fizeram sacrílego da então ordem vigente. E a esperança dos excluídos o fez sacrossanto na voz dos que o admiravam no trajeto dos amenos trinta e três de juventude. Que belo exemplo de humanidades aos olhos e aos pés descalços... E assim posto e visto, tornou-o mítico. Tudo graças ao mistério mais intrínseco: a Palavra como pedra fundamental. Como me sinto pequeno para saudar sua imagem e o seu espiritual, mais de dois mil anos transcorridos. Este surgimento de vocábulos chegou-me, ágil e tímido, na intenção de agradecer a amizade e a nossa infinitesimal condição humana, que sempre será incompreendida por pretender ascender à perpetuidade do ser... Aqui do sul do mundo vai o abraço pascal de esperança e fé, na dimensão verdadeira do homem. Hosanas ao homem e sua busca pela integridade, justiça e paz. Muito triste pelo que ora transcorre no seio da Nação Brasileira. Que o Absoluto te possa laurear nos caminhos do conhecimento pessoal. Assim – em furor de humanidades – reforças os espíritos necessitados de Beleza, Palavra e Fé. E que nos saibamos sempre prontos à subversão da palavra. Assim será mais propício o templo em construção... Boa comunhão de atos e fatos pascais, especialmente a pregação da palavra, a tal que nos irmana em vigílias...

– Do livro A BABA DAS VIVÊNCIAS, 1978/2016.

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