Todos querem ter razão
Persuadir ou convencer alguém a concordar com nosso ponto de vista na atual conjuntura do Brasil, devido ao acirramento dos ânimos graças a crise política e econômica, tornou-se quase impossível. Porque você nunca pode vencer uma discussão sem ofender a pessoa com que você travou essa contenda ideológica. A natureza passional com que defendemos nossos posicionamentos morais nos levam a uma exasperação extrema e quanto mais você insistir que o outro está errado, mais o outro passará a defender ferrenhamente seu ponto de vista. E aos poucos o que era uma simples disputa por pontos de vistas diferentes, num instante se torna uma inadmissível ofensa, transformando-se num furioso bate-boca levado ao lado pessoal. Um campo de batalha cujas balas e flechas são acusações, xingamentos e toda sorte de ódios que se encontravam ocultos e entranhados nos porões de suas mentes. Então para se defender, o outro começa a te atacar, fala raivosamente das suas falhas para não ser sobrepujado de jeito nenhum! Dificilmente alguém num estado passional desses racionalmente conseguirá reconhecer que nossas qualidades quase sempre são bem maiores do que nossos defeitos. Reconhecer isso seria ser fragorosamente derrotado.
Ser diplomático não está entre as habilidades sociais da maioria das pessoas, porque ter razão e vencer discussões é como marcar pontos no jogo da vida, jogo esse que é uma espécie de competição que acontece o tempo todo entre as pessoas e que permeia todas as relações humanas. Fazer alguém mudar de ideia é algo bastante pretensioso em qualquer circunstância. A tendência natural das pessoas é ser do contra, até para marcar uma posição ou se destacar dos outros. Mas há também aquelas pessoas que defendem uma ideia porque se identificam com ela por terem sido convencidas pela simpatia e afinidade ou porque simplesmente convenceram a si mesmas. E contradizer algo que a própria pessoa se convenceu que é verdade, é uma escolha da qual dificilmente ela voltará atrás, assim se tornando de maneira irrevogável um terreno intransponível para qualquer um de nós.