Desabafo de uma abafada
Há séculos não escrevo para você. Apenas porque você não quer que eu o faça. Você não aceita que eu faça o mínimo movimento que seja. Você me impediria de olhar para você se pudesse. E tem razão: eu também comecei a me impedir.
Comecei a escolher frases prontas para te dizer. Comecei a rir em lugar de ficar com ciume. Comecei, comecei... Mas isso terminar que é bom, nada. Aliás, era assim que você me chamava: "nada". E agora, nada se resume á bagunça em que estamos, mas você não acha.
Você acha que eu gosto de show. Que eu gosto de aparecer, que eu gosto de te torturar... Mas a verdade é que você é o torturador.
Diga que me odeia, mande-me sair de vez da sua vida e me chame de louca, de criança, de transtornada, de idiota até.
Mas não me elogie para depois cortar meus mimos. Não diga que sou sagaz se não posso te dizer o mesmo. Não me diga que sou forte, que sou imbatível, que sou uma super mulher, se dez segundos depois vai mandar que eu me cale, que eu guarde o meu amor.
Me desculpe, mas eu não sei me doar por metade; não sei gostar aos pouquinhos e nem o quero. Se não pode lidar com isso, por favor: não me elogie mais. Não me encoraje. Não.
Lembre da música: eu protegi o teu nome por amor. Eu escrevi essa carta por amor. E eu talvez desapareça por amor.