Sinto muito, frágil amor

Nunca cheguei a me acostumar com a ideia de não tê-la mais. Nunca quis pensar na possibilidade de você partir. Nunca quis saber o tamanho da dor que seria, não pensar significava não sofrer. Agora, parece que algumas coisas mudaram.

Eu continuo aqui, acho. Talvez uma parte continua, a outra também partiu, se despedaçou. Continuo aqui, nesta casa onde um dia construímos uma vida, planos e futuro. Continuo, já não sei para onde correr, pois todos os caminhos levam para lugares onde eu não gostaria de estar, lugares onde nunca irei encontrá-la. Continuo aqui, atolado nas boas lembranças que ainda lembro vivamente. Não consigo me imaginar sendo o que eu era. Não consigo me imaginar chegando do trabalho com um grande sorriso no rosto, com aquele formigamento pelo corpo, aquela alegria inexplicável. Não consigo me imaginar sendo feliz novamente. Nunca pensei que me entregar dessa forma a esse amor seria um erro, não, não imaginei que nosso amor fosse um erro. Eu só pensei em amá-la, qual a minha culpa?

Nossa fotografias estão aqui, jogadas em cima da cama. Encaro seu sorriso, parecia tão sincero, tão puro. Acreditei tanto na gente, que poderíamos ser aquilo que nunca tínhamos sido: um do outro, um só. Eu era mais você do que eu, e por isso quando você se foi me levou junto. As paredes parecem escuras, nenhuma luz será capaz de ilumir a vida como antes.

Continuo aqui, esperando algo que não voltará, você não voltará. E eu choro, porque passei tempo demais sendo forte, escondendo esse alguém despedaçado e morto. Escondi a dor que sentia sem você aqui.

Sinto muito, amor. Sinto muito por tudo o que aconteceu, por ter deixado-a partir, mas eu não tive culpa, não tive culpa por ter amado tanto, como nunca, sem esperar consequências. Desculpa, frágil amor, por sentir tanto, principalmente, entre tudo isso, sua falta.

Leticia Moura
Enviado por Leticia Moura em 02/02/2016
Código do texto: T5531177
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