Foto: Ana Carvalho, Arraila do Cabo, julho/2014
O Mar, Nossa casa
Não sei escrever sobre essa dor que sinto aqui dentro de mim. É tão estranho não ter teus abraços de surpresa, teus pedidos indecentes, tuas mordidas quentes. É tudo tão bizarro, minhas horas são minhas, meu tempo é o infinito. Fazer o que dos abraços que ainda tenho, dos beijos que ainda não te dei, das palavras que são tuas. Meu amor não acabou, não morreu contigo, meu amor vive aqui, em cada copo, em cada talher, em cada lençol. Não precisas mais de roupas, sapatos. Hoje tenho inveja de ti, invejo essa audácia de ter partido antes de mim. Foi corajoso e cruel me deixar pra trás. Você deixou a mais linda herança e a mais cruel: o Mar. Como posso te esquecer? Se ele está em todos os lugares que eu vou? Se eu não vivo sem o azul e sem o sal? Vou tentando me acalmar mergulhando por aí. Sabe aquele dia em Parati? Ou a chuva na pescaria de espada no Leme? E o mergulho em Jorge Grego? E o por do sol no Pontal do Atalaia? Ilha Grande, Grande como nosso amor em Lopes Mendes. Te surpreende se eu te disser que fui em Algodoal depois que você partiu? Lá na nossa Ilha, na nossa Praia da Princesa. Estou voltando nos lugares que foram nossa casa. Qual o mar que não nadamos ou mergulhamos? Meu amor o mar sempre será meu e seu, nosso, nossa cama, nossa casa. Você já voltou pra sua casa, já mora no fundo do mar, eu estou indo, qualquer dia eu chego lá. Já estou sem âncora, sem vela, sem leme. Você me deixou a deriva, e escrevendo nas areias por onde eu passar vou deixar mensagens efêmeras para os navegantes, que como eu, buscam o amor que partiu antes do meu anoitecer.
PS: 9 meses sem você é muito tempo mas nada se comparado a eternidade que vivemos juntos.