CARTA PARA LUCIA CONSTANTINO E ANABAILUNE.
“Ainda acho que a humanidade não merecia o Cristo. Mas Ele encarnou o Amor em si mesmo”, diz sua altíssima sensibilidade Lúcia. Esse Ser indefinido pela originalidade só se define pelo AMOR. Não há outra forma de conhecÊ-lo.
O Pai não desdenha o filho ainda que este não o mereça, e se todos são seus filhos pela Santíssima Trindade, não há falar em merecimento, mas em salvação dos filhos. É meu credo, sempre difícil a aproximação dessas questões em asperezas desse tom longínquo para nossa compreensão, mas você serpenteia pelos rios do amor e o descreve com profundado relevo, ficando íntima dessa grande força com maioridade que não alcancei. Fico devedor de suas significativas abordagens que tanto somam o que posso alinhar.
Ana, a arte e a pesquisa têm um caudal de copismo por influências sofridas, isso é inegável, mas é impossível, fora o plágio evidente, contrafação, circunscrever um âmbito estreito e intimidar a usurpação sem prova efetiva, muito mais em ciência.
No interior da Itália, certa vez, minha mulher, olho de lince, alta observadora de tudo, em uma igreja da idade média, sem a fama das catedrais disse: “Olha as curvas dessas pinturas na abóbada, iguais aos traçados de Brasília do Niemayer." Como afirmar copismo? Talvez nem lá tenha ido, interior de cidade pequena.
Sofremos esse assédio de imagens e informações, que ficam, se desdobram, se desenvolvem, crescem, criam sobre criatividades antecedentes, aumentadas, somadas, sem nenhuma conscientização do copismo, é o inconsciente coletivo junguiano. E vão caminhando com a humanidade esses registros.
“A imaginação é mais importante que o conhecimento.”; não em vão afirmou Einstein essa verdade. E que verdade....
“E dizem até que ele plagiou a Teoria da Relatividade... será?”. Assevera sua coleta de dados Ana.
Faço esta crônica em razão de sua indagação, me senti devedor, e dos apontamentos da Lúcia e do que vivi.
“Hoje ninguém nega que Einstein foi um dos maiores físicos da história, é unânime. César Lattes, físico brasileiro que esteve prestes a ganhar, por duas vezes, o Prêmio Nobel de Física, em entrevista a um jornal, César Lattes afirma que Einstein plagiou a Teoria da Relatividade do físico e matemático francês Jules Henri Poincaré, em 1905. Alega que a Teoria da Relatividade não é invenção dele, que já existia há séculos, "Vem da Renascença, de Leonardo Da Vinci, Galileu e Giordano Bruno".
Por Feuer foi feito um paralelo com o matemático francês Poincaré , que tinha tudo para ser o criador da teoria da relatividade, mas possuía o condicionamento do francês sempre prudente, comprometido com o establishment e os colegiados de professores.
Professor Gleiser, emérito, certa vez questionado respondeu que entendia a discussão sobre a autoria da teoria da relatividade como trânsito de altos e baixos. Não existe a menor dúvida que foi Einstein o autor da teoria, e disse então. O que sabemos é que Lorenz e Poincaré estavam já pensando no assunto e obtiveram algumas das fórmulas que Einstein obteve definitivamente. Mas o que faltou a Poincaré e Lorenz foi a interpretação apropriada da teoria. Poincaré estava próximo, mas não existe um trabalho seu que se compare à clareza do de Einstein. A teoria geral, que levou à redefinição da gravidade como a curvatura do espaço, é completamente de autoria única do Einstein.
A primeira referência é notícia reportada pela mídia, sob o conceito de plágio. Infundada. A imprensa é perigosa, sou testemunha dessa "qualificação".
Certo dia li em “ O Globo”, pela manhã em minha casa: “César Lattes está no Brasil, ele questiona no momento a teoria da relatividade de Einstein, que estaria errada por não ter colocado na equação a velocidade do laboratório em que a elaborou”. Nada relativo a plágio reportado.
Estava no Brasil para quê? Morava na França. Uma hora da tarde do mesmo dia. Sento na sala de audiências onde presidiria várias audiências consensuais de separação conjugal e conversão em divórcio, Vara de Famíia, Rio de Janeiro. Pego o primeiro processo sobre a mesa, já sentadas as partes, um senhor e uma senhora de aproximados sessenta e poucos anos. Leio os nomes na capa, Cézar Lattes era o cônjuge-varão.
Surpreso, falo sobre o que li pela manhã e ele diz que era uma posição dele, pessoal arguição. Estava no Brasil para celebrar a cisão, conversão em divórcio (então vigorando no Brasil) da anterior separação,local competente pelo casamento celebrado. Já não era mais plágio o que ele sob minha curiosidade ratificou do que li. Não creio que tenha feito essa afirmação, desvio da imprensa.
E ainda acrescentei diante de sua qualificação, em conversa rápida e agradável: não fui bom aluno de matemática, mas gostava de física. Diz ele com extremada educação indicando ao seu lado a ex-mulher: de matemática ela é profunda conhecedora, alta professora da Sorbonne faz tempo. E diz ela discretamente, o senhor não era bom aluno? Não, o senhor não teve professor.
O que quero dizer, plágio é um ataque formulado, que penso,nunca seria feito por pessoa desse nível, discutir teses é diverso e corrente.
O mais importante é a boa vontade e a seriedade das pessoas.
Em 1952, Ben Gurion ofereceu a Einsten a Presidência de Israel. Einstein recusou. Uma semana antes de sua morte assinou sua última carta, endereçada a Bertrand Russell, concordando em que o seu nome fosse incluído numa petição exortando todas as nações a abandonar as armas nucleares.
“O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade.”, afirmou Einstein.
Das duas teorias que constituíram seus traços mais peculiares - a dos quanta e da relatividade -, Einstein deu à primeira o elemento essencial de sua concepção do fóton. E deu à segunda sua significação completa e universal, que se extrapola dos campos da ciência pura e atinge as múltiplas facetas do conhecimento humano. E disso cuidamos, do amor que ele soube interpretar como unidade de forma e energia, a do "continuum quadridimensional".
Não era pessoa capaz de cometer plágio.