Eu quis lhe escrever
Eu quis lhe escrever.
-Mas você escreve pra todas!- disse-me a voz em minha cabeça. Talvez esse seja meu fado, não? Tal como é respirar. Que mal há? Tal como o oxigênio está no ar, a inspiração para mim está no ar. Tal qual o oxigênio que passa em meus pulmões e eu devolvo em forma de dióxido de carbono, a inspiração vem e eu a devolvo em forma de palavras. Palavras que podem fazer refletir, alegrar ou deprimir. Que mal há? Não vejo mal algum. Então quis lhe escrever.
Você tem me alegrado
-Mas você já disse isso para outras antes! - disse-me a voz em minha cabeça.
- E dai? - Pensei.
Que mal há em se dizer que alguém lhe faz feliz? Agora apenas uma pessoa pode lhe fazer feliz pelo resto da vida e se essa pessoa se for, nenhuma outra tem o direito de lhe botar um sorriso no rosto? Cale-se por um momento, voz. Obrigado.
Como eu dizia, eu quis lhe escrever.
-Você já repetiu isso outras vezes...- insistiu a voz em minha cabeça.
- Talvez se você não me interrompe-se tanto, eu não precisaria repetir! - Retruquei.
Certo. Você tem me alegrado
- Você já disse...
- Mas é um saco mesmo! Se você pensa que vai me fazer desistir, voz da consciência que tem parecido mais a voz do diabo, está muito enganada!
Eu quis lhe escrever, porque você tem me alegrado. Eu só não soube o que escrever
- Você nunca sabe...
-A partir desse ponto eu ignoro totalmente a voz -
De fato eu nunca sei exatamente o que escrever, mas vou escrevendo e escrevendo até que sai alguma coisa. Me admira a capacidade que temos de sempre começar algo novo de novo, apesar dos medos, apesar das mesmas velhas dúvidas, apesar do tempo ou do momento ou o que quer que seja.
Me admira a minha capacidade de parar para observar, olhar-lhe a face e admirar cada nuance de suas feições e seu olhar que parece perder um pouco do brilho só quando você está absurdamente cansada e eu insistindo para que você vá dormir, assim como você insiste que eu beba chá quando minha garganta está ruim como hoje e nos últimos dias.
Me admira a minha capacidade de me apaixonar de novo e de novo pela sua voz toda vez que você canta alguma música que eu nunca ouvi ou qualquer outra que eu tenha escutado milhões de vezes. Me admira a minha capacidade de ainda ficar ansioso esperando o telefone tocar, torcendo para que seja você e eu não me importo se acabei de dormir e você me liga poucos minutos depois disso, de fato não me importo.
Me admiro com a minha estúpida capacidade - quase como um Super-Poder ou uma maldição- de me apaixonar mais e mais quando lhe vejo brincar com sua irmã e a vejo rir para mim ou para você ou para qualquer outra pessoa e querer fazer parte desse mundo.
Olho suas fotos com seus amigos e me pergunto em quantos daqueles momentos eu poderia ter participado. Mas o que importa? Passado é passado, seja bom, seja mau e o futuro reserva muitas surpresas e eu posso fazer parte de muitas delas. (Só torço para que sejam boas)
Enfim, eu quis lhe escrever. E como sempre, acabei por escrever muito.