Querido Futuro Amor
Querido Futuro Amor,
Não sei quem é você, mas sei que você irá chegar. Portanto, aviso desde já que a casa, digo o coração, está meio bagunçado ainda. É que eu me enrolo toda nessa de retirar as coisas que não servem mais, encaixotar as lembranças e acho que você precisa me ajudar nisso.
Veja bem, eu não sou uma mulher perfeita, às vezes nem sei se sou de fato uma mulher. Talvez uma menina que finge ser adulta, ou uma mulher que se esconde por trás de uma criança pra não ter que assumir as responsabilidades de algumas escolhas. Confuso né?! Com o tempo você entende. Mas o que eu quero dizer é que meus defeitos não estarão ocultos hora nenhuma. Não vou ser o que você quer só para te agradar. Se é isso que está esperando, pode parar por aqui. Não perca seu tempo. Poupe-me lágrimas e noites em claro.
Ótimo, estamos indo bem. Você não espera que eu seja perfeita! Mas você precisa saber que não sou do tipo de mulher/menina/pessoa que se deixa levar por palavras bonitas, por juras de amor eterno. Pra ser sincera, até acho bonito, mas não me convence. Não mais. Já acreditei demais e vi que palavras, por si só, não dizem muita coisa. E essa ideia de eternidade me assusta. Se preocupa só com o “feliz agora”, porque o “feliz pra sempre” é coisa de contos de fadas (você não acredita em contos de fadas né?!). Na vida real nem vai funcionar. Também não precisa se assustar, eu não sou insensível ou indelicada, pelo contrário, eu sou romântica, juro. Mas é que depois de tantas quedas de alturas incalculáveis, eu aprendi a manter os pés no chão.
Não me peça para conter meus ciúmes, nem para me calar numa discussão, eu preciso falar, preciso expressar de alguma forma o que me incomoda. E se você não está disposto a longas horas de “DR”, lamento, mas isso não vai acabar bem. Ou melhor, isso acaba aqui. Não sei fingir estar bem enquanto meus pensamentos me sufocam. Não sou mulher de silêncio, de faz-de-conta, de deixa-estar. Sou mulher de frases, de palavras, de gritos (se forem necessários). Embora, no final de tudo eu lhe xingue e, em meio às lágrimas, acabe falando do amor que lhe tenho. E quando eu disser que amo, não duvide. Eu não direi se não tiver certeza. O sentimento pesa bem mais que a palavra e sei o quanto dói descobrir que nunca existiu.
E então? Você ainda está aqui? Então pode entrar. Mas venha sem medos, sem reservas. Vamos terminar de colorir a casa. A vida. Ou, sei lá, o coração. Se dê inteiro e deixa eu lhe mostrar que dois inteiros somam mais que duas metades. Na matemática, na cama e na vida!
Seja bem vindo. Fique o tempo que quiser (na casa e no coração), mas não quebre nada. Poeira o vento leva, o que dá trabalho é juntar cacos.